sábado, 3 de dezembro de 2011

A CONTINUA QUESTÃO DO RACISMO - TRIBO NYAMBI É EXIBIDA NO JARDIM ZOOLÓGICO DA ACCLIMATION EM PARIS, 1932

Uma exposição no museu do Quai Branly, em Paris, mostra como seres humanos considerados "exóticos, selvagens ou monstros" foram exibidos durante séculos em feiras, circos e zoológicos no Ocidente.
A exposição Exibições – A Invenção do Selvagem indica, segundo os organizadores, que esses "espetáculos" com índios, africanos e asiáticos, além de pessoas portadoras de deficiência, que tinham o objetivo de entreter os espectadores, influenciaram o desenvolvimento de ideias racistas que perduram até hoje.
"A descoberta dos zoológicos humanos me permitiu entender melhor por que certos pensamentos racistas ainda existem na nossa sociedade", diz o ex-jogador da seleção francesa de futebol Lilian Thuram, um dos curadores da mostra.
Thuram, campeão da Copa do Mundo de 1998 pela França, criou uma fundação que luta contra o racismo. Ele narra os textos ouvidos no guia de áudio da exposição.
"É difícil acreditar, mas o bisavô de Christian Karembeu (também ex-jogador da seleção francesa) foi exibido em uma jaula como canibal em 1931, em Paris", diz Thuram.
A exposição é fruto das pesquisas realizadas para o livro Zoológicos Humanos, do historiador francês Pascal Blanchard e também curador da mostra.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

ISLAMIC ARTS MUSEUM MALAYSIA

Interest in Islamic art has grown enormously in recent years. Reflecting this awareness, in December 1998 Malaysia became home to Southeast Asia’s largest museum of Islamic art. The building occupies 30,000 square metres, situated amid the leafy surroundings of central Kuala Lumpur’s Lake Gardens.

The Islamic Arts Museum Malaysia houses more than seven thousand artefacts, as well has an exceptional library of Islamic-art books. The art objects on display range from the tiniest pieces of jewellery to one of the world’s largest scale models of the Masjid al-Haram in Mecca. The aim is to create a collection that is truly representative of the Islamic world. Instead of concentrating on works from the heartlands of Persia and the Middle East, IAMM also puts the emphasis on Asia. China and Southeast Asia are especially well represented. The third component of the Malaysian melting pot is India, which is also given special status. India, China and the Malay world are in an exceptional category. Other parts of the collection are displayed according to type rather than geographi

FOTOGRAFIA - DIANTE DA DOR DOS OUTROS

Ser ou não ser da fotografia

O escritor francês George Bataille foi influenciado pela fotografia e pelo poder da imagem em retratar a dor dos outros

Por Luciana Cavalcanti, do Fotograficaminhamente

Ontem me vieram à cabeça duas perguntas, após uma semana repleta de discussões instigantes e leituras pertinentes à história, sociologia e antropologia — estas áreas relacionadas à fotografia. Também após encontrar bons — às vezes inúteis, felizes ou infelizes — comentários sobre a fotografia e seu uso como instrumento de ego e não de pacificação e discussão construtiva das ideias.
Para muitos, a fotografia pode ser registro do real, obra de arte, instrumento de pesquisa, recorte de um plano, de uma ideia, testemunho, objeto de fazer e fixar memória, inspiradora de conceitos, de imaginação, de contação de histórias etc. O leitor, mais que do que eu, pode atribuir várias afirmações a respeito da fotografia, sobre o que ela é.
O uso da fotografia, porém, é um fetiche — e disso não se pode escapar. Ela pode mudar comportamentos ou inspirar uma transição de pensamento importante na história de uma época ou de um grupo. Seguindo esta premissa, descubro que uma das maiores provas da motivação pela imagem fotográfica foi o escritor francês George Bataille.
A relação de Bataille com o bizarro, com o voyeur, com o inusitado, com o fetiche (e tudo isso embutido no seu pensamento sobre corpo, vida, morte, sexo e erotismo) é recorrente em sua obra. Bataille foi arquivista da Biblioteca Nacional da França. Inspirado pelo seu terapeuta, resolveu dedicar-se à temática das extravagâncias sexuais e pelo êxtase, a fim de exorcizar — segundo afirma a literatura — seus tormentos psíquicos.
Mas o que me chamou mais a atenção sobre a inspiração de Bataille foi o artigo “George Bataille: Imagens do Êxtase”, escrito pelo filósofo Luiz Augusto Contador Borges e publicado pela revista Agulha em 2001. Contador afirma a influência enorme no início da vida profissional de Bataille por um conjunto de fotografias realizadas durante um ato de esquartejamento na China Imperial, em 1905. A vítima era o suposto assassino de um príncipe.
Na execução do chinês Fou Tchou Li e seu Suplício dos Cem Pedaços, o sorriso visto em seu rosto é absurdamente intrigante. Ao documentar o ato visto por tantos espectadores, o psicólogo francês George Dumas fica atordoado com o acusado impávido diante do corte de seu próprio corpo e do prolongamento de sua condição de estar entre a vida e a morte, sendo tratado sadicamente por seus algozes.

domingo, 16 de outubro de 2011

ARTE EM PARIS E CORRESPONDENTES

Paris viveu uma noite de arte mês de outbro: a décima edição de sua "Noite Branca", um apanhado de proposições artísticas contemporâneas que se espalham pela cidade para propor aos visitantes uma noite em claro.
Mais de 100 instalações e performances artísticas de diversas categorias, criadas especialmente para a ocasião, abriram suas portas quando o sol se pôr e permaneceram ativas até domingo  criado na capital francesa e copiado em outros pontos do planeta, de Buenos Aires a Toronto.
Frente a algumas cidades que, como Madri, o transformou em bienal por conta da crise econômica, Paris aposta nesta manifestação "que permite às pessoas ter acesso à arte de forma singela em momentos conturbados", segundo as palavras de Christophe Girard, que idealizou o evento há uma década.
"Cada edição é diferente", acrescenta Girard, que espera que dois milhões de pessoas participem da grande exposição ao longo da madrugada.
Para seu 10º aniversário, a "Noite Branca" ficou à cargo de Alexia Fabre e Franck Lamy, diretores da manifestação, que propuseram quatro grandes percurso pela cidade.
Nos arredores da Prefeitura destaca-se a proposta assinada por Pierre Ardouvin, que proporciona aos visitantes um passeio, com guarda-chuva em mãos, por um estúdio de cinema sob uma fina chuva púrpura, escutando uma versão revisitada de uma canção de Prince.
Um pouco mais ao norte, no bairro de Saint-Georges, um labirinto de tecidos brancos idealizado pelo americano Jungwan Bae levou o visitante a um ambiente de desorientação.
Não muito longe, a artista japonesa Sachiko Abe  passou toda a noite cortando papel, com o objetivo de fazer uma reflexão sobre a passagem do tempo, através da imagem e do barulho provocado pelo papel caindo e as tesouras.
Já no pátio do colégio Jacques-Decour, o mexicano Carlos Amorales preparou uma instalação composta de 30 mil borboletas de papel, que oferecem um espetáculo que o artista pretende que provoque sentimentos de sedução ou repulsa.
Algumas fachadas do bairro de Batignoles serão preenchidas de luzes em uma projeção idealizada pelos alunos da Escola de Belas Artes, enquanto Fabrice Hyber propõe, a dois passos dali, uma representação na qual participam 50 super-heróis de histórias em quadrinhos.
Finalmente, no bairro de Montmartre, Christian Boltanski abrirá seu "teatro oficina", no qual vários atores interpretaram uma peça pela madrugada afora.


terça-feira, 11 de outubro de 2011

UTENSÍLIOS DO COTIDIANO COMO OBRA DE ARTE

El Museo Guggenheim Bilbao ha ampliado su colección con la compra de las obras "Hogar", de Mona Hatoum, y "Sin título", de Doris Salcedo, y con la donación de la instalación "¿Cómo te vas a comportar? Un gato de cocina habla", de Liam Gillick, y de tres fotografías de José Manuel Ballester.
Según ha informado este museo en una nota, la primera de estas obras "Hogar" (1999), que ha costado 525.000 dólares (392.000 euros), se compone de una gran mesa sobre la cual reposan varios utensilios de cocina conectados entre sí mediante pinzas y cables, que a su vez están enchufados a una toma de corriente.
Su autora, Mona Hatoum (Beirut, 1952), es una artista "fundamental para entender el desarrollo del lenguaje escultórico y el arte de instalación desde la década de los ochenta", según ha subrayado el Guggenheim.
a segunda obra adquirida por la Sociedad Tenedora del museo, con un coste de 725.000 dólares (541.500 euros), es "Sin Título" (2008) y pertenece a la serie más extensa de Doris Salcedo (Bogotá, 1958), ya que se inició en 1989 y aún está en curso. Con esta adquisición, Doris Salcedo se concierte en la primera artista latinoamericana en formar parte de los fondos del Museo Guggenheim Bilbao.
La compra de estas dos piezas forma parte de una nueva línea estratégica en la política de adquisiciones del museo.

NOVAS AQUISIÇÕES EM INHOTIM, MINHAS GERAIS, BRASIL

O que há de comum entre A bica, do artista plástico baiano Marepe, Elevazione, do italiano Giuseppe Penone, e Strassenfest, da alemã Isa Genzken? Aparentemente nada, mas as três são novas aquisições das galerias de Inhotim. A inauguração oficial foi realizada  poderão ser conferidas pelo público.
Para Júlia Rebouças, curadora assistente do museu, considerado o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, apesar de as peças não integrarem mostra específica, a intenção é criar uma relação entre elas, além de provocar o diálogo com trabalhos instalados no espaço. “Temos obras muito interessantes, como o Beehive bunker, do artista norte-americano Chris Burden, que passa a fazer parte da exposição permanente. É um bunker feito com sacos de cimento, ou seja, uma obra de arte feita com a própria matéria-prima. Isso é bem curioso”, comenta.
Destaca-se A origem da obra de arte, da mineira Marilá Dardot, formada por 1,5 mil vasos de cerâmica no formato das letras do alfabeto, com sementes e material de jardinagem. O visitante poderá plantar, além de construir palavras e frases num enorme campo gramado. “O público vai dar vida ao trabalho da Marilá. Ele vai sendo construído aos poucos”,
Outra obra que promete chamar a atenção é Elevazione: peça de bronze, similar a um tronco, é aparentemente sustentada por quatro árvores. Fica em nova área de visitação, entre a galeria Cosmococa e a obra Beam drop. A união desses dois espaços era planejada pela curadoria há algum tempo. “Todos os anos, a gente acrescenta esculturas, instalações e quadros a nosso acervo, que deve ter em torno de 500 obras. Nenhuma delas foi produzida especialmente para Inhotim, mas são superimportantes.
Entre as novidades estão trabalhos de Giuseppe Penone, Chris Burden, Marilá Dardot, Cinthia Marcelle, Marepe, Eugenio Dittborn, Lothar Baumgartgem, Isa Genzken, Susan Hiller e Thomas Hirschhorn.INHOTIM
Arte contemporânea. Em Brumadinho (MG), acesso pelo km 500 da BR-381. Terça a sexta, das 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 17h30. Informações e visitas agendadas: (31) 3227-0001. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Crianças até 5 anos não pagam

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A CRÍTICA MARIA JOÃO MACHADO FAZ UM RESUMO SOBRE O ACRÍLICO E A OBRA DE ARTE

O início da década de 60 estabilizou o acrílico na obra de arte. O facto é que um novo chamamento estético, ou seja um material inovador aparecia para contestar a arte. Quais os efeitos desta nova tendência que desafiava o bom senso conservador?Era, pois a ruptura vinda através dos meios materiais e dos instrumentos usados não pelo artista e sim por artesões e cedidos pela tecnologia que seguiam mapeamentos dados pelos artistas e feitos por outras mãos especializadas. A moda pegou e se presentifica até hoje, inclusive mostrando que outros materiais industrializados como o ferro, barro, madeira, etc  fossem  aproveitados neste novo fazer artistíco.
Lisboa, setembro de 2011  

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

DESAFIO DO SÉCULO XXI

Por Ricardo Abramovay
Pecuária, soja, energia e minérios: esses são os vetores estratégicos que norteiam a maioria dos atores privados e públicos na Amazônia brasileira. Os efeitos são bem conhecidos. Não se criam cadeias produtivas capazes de agregar valor ao que se faz localmente. A esmagadora maioria dos estímulos sinaliza aos agentes econômicos vantagens de um comportamento predatório que já comprometeu nada menos que 15% da maior área de floresta tropical do mundo e que está na raiz de sua imensa pobreza. Apenas 12% dos domicílios na Amazônia são beneficiados por saneamento básico. O próprio poder público contribui de maneira significativa para esse quadro desolador, não só pelo financiamento de iniciativas pouco inovadoras, como a pecuária, mas também pela implantação de obras que acabam resultando em pressão ainda maior sobre a floresta e pela generalização do trabalho mal pago e pouco qualificado. Dos 73 milhões de hectares derrubados na Amazônia, 60 milhões voltam-se hoje à pecuária.
A mudança nesse quadro desolador felizmente já começou. Os mercados de alguns dos produtos que dominam a ocupação da Amazônia submetem-se a pressões socioambientais crescentes, que conduzem, muitas vezes, à melhoria dos resultados de sua exploração, como no caso exemplar da moratória da soja. Ao mesmo tempo, o maior controle sobre o desmatamento, bem como a ampliação de terras indígenas e de reservas florestais, contribui para atenuar, de forma significativa, o ritmo da destruição que marca, de forma trágica, a história da região até aqui.
Esses avanços, no entanto, não são suficientes para enfrentar o grande desafio do século 21 em torno do qual se encontra a possibilidade de construir nada menos que “um novo capitalismo jamais imaginado pelos visionários de ontem”. É à análise desse processo incipiente que Jacques Marcovitch, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de um dos mais importantes estudos sobre aquecimento global no Brasil, a Economia do Clima, dedica seu novo livro: “A Gestão da Amazônia: Ações Empresariais, Políticas Públicas, Estudos e Propostas”. Esse grande desafio do século 21 pode ser descrito em torno de três eixos básicos.
Em primeiro lugar, é necessário fazer da valorização dos produtos e dos serviços da biodiversidade uma fonte consistente de dinamismo econômico e de coesão social. Está em jogo a passagem da economia da destruição da natureza para um sistema inteiramente baseado em seu conhecimento, a economia da floresta em pé. Não se trata apenas de proteção, mas de encontrar modalidades de uso da floresta capazes, ao mesmo tempo, de garantir a manutenção de seus serviços ecossistêmicos e a geração de renda para os que, ainda hoje, têm sua existência precária, tantas vezes, baseada em práticas destrutivas.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

GRAFITE - ARTE NOS MUROS NOS ESTADOS UNIDOS

Manchas frescas de grafite decoram placas de sinalização perto do mar. Tags têm aparecido nas grades ao longo das trilhas de terra perto do Parque Griffith, do outro lado de Santa Monica, na Califórnia.

Quase diariamente, há retoques frescos nas paredes do Vale de San Fernando, em prédios do centro de Los Angeles e em outdoors ao longo das rodovias.
E Los Angeles parece não estar sozinha ao lidar com uma recente onda de grafite, que tem transformado alguns lugares improváveis. A nova safra de rabiscos está florescendo em muitas comunidades de tamanho modesto de todo o país - em locais como Florence, no Alabama; Reserve, no Novo México; Taylors, na Carolina do Sul, e em grandes cidades como Nashville, no Tennessee, e Portland, em Oregon - enquanto grandes cidades como Chicago, Denver, Nova York e Seattle dizem que campanhas de vigilância antigrafite têm poupado seus muros.
Foto: The New York Times


Muro é coberto por grafites em Los Angeles, na Califórnia


"Tudo isso apareceu, de repente, nos últimos seis meses", disse Tim Sandrell, proprietário do Safari Adventures in Hair, de Florence. "Eu tenho o salão aqui há 10 anos e estou realmente desapontado que nós estamos vendo esse tipo de atividade agora. Temos uma bela cidade histórica, e é muito perturbador para mim ver isso acontecendo".
A onda de grafite gerou preocupação entre as autoridades da cidade e reabriu um debate sobre a glorificação da prática - seja em peças de museu, tatuagens ou anúncios de televisão - ter contribuído para o retorno do que consideram uma praga urbana e um sinal de decadência econômica. Mas ela também gerou um debate sobre o que tem causando esse aumento recente e se ele pode ser um indicador precoce de que a ansiedade e a alienação estão crescendo em algumas áreas urbanas lutando por causa do desemprego teimoso e persistente trazido pela recessão.
Estatísticas
As últimas estatísticas de Los Angeles, onde a taxa de desemprego era de 11%, atestam um problema crescente: a cidade teve removidos 3.288 metros quadrados de grafite no ano fiscal que terminou 30 de junho, um aumento de 8,2% em relação ao ano passado, segundo as autoridades. "Nós vimos a quantidade de pichações subir anualmente", disse Paul Racs, diretor do Escritório de Embelezamento da Comunidade.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

CIDADES CARAS

Todos os anos, a empresa de consultoria Mercier realiza uma pesquisa para determinar quais são as cidades mais caras do mundo para os estrangeiros, levando em conta diversos fatores como preços dos transportes, dos bens e serviços e do lazer. No levantamento, há lugar para surpresas: Luanda, capital da Angola, encabeça a lista. Outras cidades têm perfil mais turístico, como Tóquio, Moscou e Cingapura. Mas a notícia que chama a atenção é que São Paulo, que estava em 21º lugar no ano passada, pulou para o décimo lugar no ranking

terça-feira, 12 de julho de 2011

SACADAS DE CARTAGENA, COLÔMBIA

As sacadas da histórica e romântica de Cartagena de Índias, ao norte da Colômbia, são como uma espécie de arte final que fazem de sua região antiga uma obra-prima admirada por todos que passeiam pelas estreitas vielas e se deleitam com as histórias de piratas e de amores do Caribe.
Seu belo estilo singular, similar ao da arquitetura da Cartagena colonial, tem influência espanhola, principalmente da região da Andaluzia, porta de entrada da maioria dos colonizadores ibéricos que chegaram ao novo continente e trouxeram seus costumes.
"Nós temos herança andaluza, as primeiras construções refletem essa influência que é também árabe dada esta colonização na Espanha que durou 800 anos", disse à Agência Efe o especialista em preservação, observação e restauração do patrimônio histórico, Ricardo Sabaleta.
Pouco se sabe sobre a origem das sacadas, mas arquitetos que estudam a história e as origens da cidade acreditam que foram erigidas pela necessidade de refrescar as casas durante as temporadas mais quentes do ano.
No início "os balcões tinham uma propósito eminentemente ambiental" já que sua construção aberta, iluminada e a especial disposição dos balaústres e das colunas das varandas permitiam a entrada do vento marinho que circulava por toda a casa, permitindo um "ambiente fresco e agradável", detalhou Sabaleta.
"Para se proteger do forte calor, as casas têm muros largos que são termodinâmicos e, portanto, as sacadas servem como proteção da incidência do sol, ou seja, são como uma grande ala que se projeta para fora da propriedade. O que acontece é que o sol chega apenas até o balcão e não passa para a parte interna do imóvel", acrescentou.
Cartagena tem uma temperatura média anual de 28 graus centígrados, no entanto, por volta de meio-dia durante as temporadas mais amenas o termômetro dificilmente marca menos de 30 graus centígrados e a umidade relativa média é de 85%, o que dá uma sensação térmica elevada que chega a ser sufocante.
As sacadas que enfeitam a maior parte dos velhos casarões, milhões de vezes fotografados por turistas, constituem o principal atrativo dentro da já fascinante arquitetura de Cartagena e serviram e continuam servindo de inspiração para poetas, escritores, pintores, escultores e artistas.
Estes espaços exclusivos decorados muitas vezes com flores coloridas que evocam histórias de amores proibidos protegidos pela penumbra da noite e pela tênue luz dos postes de luz fazem parte também dos cenários reais e imaginários presentes nos romances do Nobel colombiano, Gabriel García Márquez.
Os balcões são, segundo Sabaleta, "únicos no mundo" e podem ser vistos em diferentes alturas em todas as ruas da cidade. São coloridos, amplos, altos, rústicos, sóbrios, republicanos, coloniais, de madeira e de cimento, enfeitados com flores, discretos, mas todos são "indiscutivelmente maravilhosos".
Junto às sacadas de influência colonial em sua construção em Cartagena também estão as que foram erguidas com a chegada entre 1800 e 1900 da época republicana e nos quais se destacam a robustez de seus balaústres, das colunas e do uso do cimento como material principal nas construções.
Com o passar do tempo, a modernidade e o auge que Cartagena vem conquistando como cidade histórica e turística e, principalmente com as restaurações dos velhos casarões que os transformaram em luxuosos hotéis-boutiques, os balcões adquiriram uma função basicamente estética.


A DECADE OF NEGATIVE THINKING

The Positive News About Negative Thinking

by Abbe Schriber

Mira Schor
 Decade of Negative Thinking: Essays on Art, Politics, and Daily Life
When Osama bin Laden was assassinated earlier this year, it was an uncanny coincidence that I happened to be reading Mira Schor’s essay chronicling the days after September 11. The essay, “Weather Conditions in Lower Manhattan,” is published in Schor’s collection A Decade of Negative Thinking: Essays on Art, Politics, and Daily Life and epitomizes her interest in the raw tensions between past and present, as well as collective and personal trauma and memory. Despite its seemingly random placement, like the other essays in A Decade of Negative Thinking “Weather Conditions” considers these themes while invoking the differences between negativity and criticality. A full decade—its own “negative thinking” spurred by the rhetoric of the Bush/Cheney administration, Hurricane Katrina, economic meltdown, and two wars in the Middle East—has now passed since September 11. But the current, abject moment of bin Laden’s death seems to even further accentuate the timeliness of A Decade of Negative Thinking and its insistence on asking hard questions and promoting skepticism in a culture that is often overtly polemical, and in an art world that is often afraid to be “against” popular opinion.





domingo, 19 de junho de 2011

ART NOUVEAU EM BOGOTÁ, COLÔMBIA

El discreto encanto del 'art nouveau' en Bogotá

El discreto encanto del 'art nouveau'
'Ninfhea', por Julien Causse. Jarra para agua de peltre, y florero de cristal, de Émile Gallé.
Foto: Mauricio Moreno / EL TIEMPO

Una muestra exhibe piezas del movimiento nacido a finales del siglo XIX.

Escenas en las que el paisaje no solo es escenario, sino protagonista, junto a figuras humanas que fluyen armónicamente con el viento y el mar o adoptan posturas como si salieran de la naturaleza.
Así son algunas de las 140 piezas que componen la exposición Art Nouveau, que se presenta actualmente en ArtNexus, de Bogotá, y que retrata este capítulo de la historia del arte, cuyo principal empeño radicó en llevar la minucia y la dedicación del artista a objetos de la vida cotidiana.
El art nouveau fue un movimiento que surgió a finales del siglo XIX y se extendió hasta 1914, aproximadamente, justo antes de la I Guerra Mundial, durante la llamada belle époque, que debe su nombre a que Europa pasaba por un periodo de paz y prosperidad.
"Esta bonanza se tradujo en que el propósito de los artistas fue puramente estético y sus obras tuvieron una función decorativa", sostiene el crítico de arte Eduardo Serrano. Con ello, los creadores tuvieron la oportunidad de trasladar ese estilo a piezas de uso habitual que hablaban del refinamiento, el buen gusto y la elegancia.
Las piezas de la muestra Art Nouveau son muy representativas de este movimiento y es la primera vez que se agruparon tantas con este fin en el país, porque las que se conservan no pertenecen a un solo coleccionista, sino a muchos que las han sabido preservar. De hecho, Carlos Alberto González, quien se encargó de la organización y la curaduría, tardó unos tres años en reunirlas, pues no solían llevarse a galerías y salas de museos, sino que se incorporaron a varias esferas de la creación, como la arquitectura, la moda y el diseño, lo cual hizo que sus paraderos fueran espacios privados.
Los objetos de la exposición pertenecen al mobiliario heredado de familias que, a comienzos de siglo, tenían un espíritu hedonista y hasta de ostentación, y accedían a ellas por encargo, mediante catálogos provenientes de Europa.
"Centros de mesa, aguateras, cajas para cubiertos, espejos, floreros, fruteros, jarras y sillas eran las piezas que adquirían con un doble propósito. Por ejemplo, una escultura de estilo art nouveau les permitía hacer gala de que la poseían y además cumplía una función práctica: era una lámpara", añade González.
Mucho se le ha criticado al movimiento una cierta frivolidad, por no reflexionar sobre la muerte, la condición humana o el sentido de la vida. "Sin embargo -opina Serrano-, a nivel creativo favoreció la línea y la asimetría e introdujo un pequeño quiebre con respecto a lo que se había trabajado anteriormente, porque no fue una fiel copia de la naturaleza, sino que introdujo leves deformaciones en la representación para sus búsquedas, a nivel de forma".
Ecos de este movimientoPresencia Colombia
Marco Tobón Mejía, oriundo de Santa Rosa de Osos (Antioquia), fue un gran representante del 'art nouveau'. Hizo gala de este estilo en la revista 'Lectura y arte', hacia 1896, y creó piezas con detalles de refinamiento. En el país, también se destacan los trabajos de Gabriel Orrego.
¿Dónde y cuándo?
En el Espacio ArtNexus, perteneciente al Museo Art Déco, hasta el 15 de julio. Carrera 8a. No. 20-17. De lunes a viernes, de 2 a 6 de la tarde.
MELISSA SERRATO RAMÍREZ

segunda-feira, 13 de junho de 2011

RELAÇÕES FRANÇA BRASIL

RELAÇÕES FRANÇA / BRASIL
por Roberto Cavalcanti 
O CEAQ SORBONNE (Centre d´Études sur l´Actuel et le Quotidien) foi criado pelos professores da Sorbonne Michel Maffesoli e Georges Balandier em 1982.
Trata-se de um Laboratório de Pesquisas, com vocação internacional, tendo como objetivo a pesquisa de novas formas de socialidade e do imaginário sob suas formas múltiplas. O CEAQ SORBONNE acolhe professores e pesquisadores dos mais variados países, devendo-se destacar o elevado número de brasileiros e de brasileiras que ali desenvolvem seus estudos superiores e suas pesquisas.
Os trabalhos desenvolvidos neste grande Centro de Pesquisas são tornados públicos através de duas revistas, « Sociétés » e os « Cahiers de l´imaginaire », e também através de Colóquios regulares.
Foi no CEAQ SORBONNE que nasceu a idéia da criação dos Colóquios França-Brasil, sob a responsabilidade dos professores Michel Maffesoli e Roberto Cavalcanti.
O projeto “CEAQ BRASIL” é um marco de Ação para o Desenvolvimento do Município de Teresópolis, Estado do Rio de Janeiro, e das pesquisas sobre o atual e o cotidiano no Brasil.
Devemos esclarecer que o CEAQ BRASIL é a primeira antena do CEAQ SORBONNE na América Latina. Este fato constituirá uma enorme propaganda Intelectual e Turística para o Brasil, para o Estado do Rio de Janeiro e, particularmente, para o Município de Teresópolis.
OBJETIVOS DO PROJETO
Promover estudos e pesquisas sobre as cidades e a vida cotidiana da sociedade contemporânea visando a colher subsídios para estudos mais aprofundados.
Dar continuidade ao intercâmbio cultural França – Brasil iniciado em 1989 pelo Grupo Le Corbusier-Rio, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado pelo Professor Doutor Roberto Cavalcanti, juntamente com o CEAQ SORBONNE.
Estreitar o intercâmbio França-Brasil através de um programa comum de pesquisas e colóquios entre o CEAQ SORBONNE e o CEAQ BRASIL.
Organizar colóquios e encontros a nível municipal, estadual, nacional e internacional com a participação de profissionais das áreas pertinentes, de modo a se promover a troca de experiências entre os especialistas das diferentes áreas.
Estabelecer, a partir da elaboração de pesquisas conjuntas, vínculos de cooperação científica que possibilitem o intercâmbio de recursos humanos e técnicos, a nível nacional e internacional.
Propiciar à comunidade científica a possibilidade de usufruir do acervo organizado pelo Grupo, a partir dos estudos desenvolvidos, da informatização e da divulgação.
Projeto de considerável alcance social, na medida em que proporcionará uma integração social através da Cultura e da Educação.
O CEAQ BRASIL abrirá portas para Professores, Pesquisadores e Estudantes de diferentes níveis, desenvolverem seus trabalhos com a possibilidade de fazerem cursos de Extensão, Mestrado e Doutorado na França por intermédio do CEAQ SORBONNE.
O CEAQ BRASIL é uma ONG, conforme legislação brasileira, e deverá estabelecer parcerias e intercâmbios culturais com Entidades Culturais Brasileiras e Estrangeiras que tenham objetivos comuns.
No dia 07 de junho de 2011 aconteceu no Hotel Sofitel Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, a primeira reunião de coordenação entre o CEAQ SORBONNE e o CEAQ BRASIL para programar as atividades futuras do CEAQ BRASIL de acordo com a Filosofia de trabalho do CEAQ SORBONNE.
Presentes à reunião os Presidentes Honorários do CEAQ BRASIL, pela França o Professor Doutor Michel Maffesoli e pelo Brasil o Professor Doutor Roberto Cavalcanti e a Diretora de Assuntos Internacionais Professora Doutora Rosza W. Vel Zoladz. O crítico de arte, professor e escritor Vicente de Percia é o presidente em exercício.
Após a reunião os Professores participaram de um almoço de confraternização no Clube Marimbás, na praia de Copacabana. Drº Roberto Cavalcanti, vice-presidente foi o gerenciador deste encontro.
Na foto, da esquerda para a direita os professores Roberto Cavalcanti, Michel Maffesoli, a jornalista Regina Teixeira e a professora Rosza Vel Zoladz.
Foto do professor Vladimir Cavalcante

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO

De dentro das praças e acampamentos, filósofo e militante italiano discute formas de organização, demandas e perspectivas do movimento na Espanha
Por Antonio Negri
Tradução: Bruno Cava

Na última semana, estive na Espanha a trabalho. Estive naturalmente envolvido com os “indignados”: atravessei algumas praças e acampamentos, questionei e discuti com muitos companheiros. Quem são os “indignados”? Não pretendo responder — há dezenas de narrativas facilmente encontráveis sobre isso. Relato aqui somente alguns apontamentos.
Democracia Real Ya nasceu dois meses antes do 15 de maio. É uma associação de militantes digitais, menos radicais, porém mais eficazes que o grupo Anonymous. Já havia movimentos desde janeiro de 2011 contra a Lei Sinde, que pune a pirataria na Internet; e articularam um discurso e uma luta contra a assinatura daquele acordo entre PP e PSOE (direita e esquerda), que viabilizara essa lei, promovida inclusive pelo vice-presidente americano. Em conseqüência, a associação incita à recusa do voto: “no les votes!”, e desenvolve um discurso sobre o sistema representativo espanhol, contra o bipartidarismo, com a exigência de uma nova lei eleitoral proporcional, dirigida a favorecer o pluralismo e a equidade.
Um segundo grupo interessante é o V de Vivienda. É um movimento de luta pela moradia, começado em 2005 (“por uma moradia digna”) e desenvolvido em rede, como reação ao estouro da bolha imobiliária. Em rede, convocam manifestações, produzem verdadeiros “enxames”, com grandes mobilizações iniciais que, contudo, encontraram dificuldade em obter um impacto político mais duradouro.
Um terceiro movimento é o dos “hipotecados”. Surge em Barcelona e constitui uma plataforma de ajuda recíproca das famílias e indivíduos que, por causa de hipoteca ou débito bancário ou insolvência privada, terminaram despejados. Valoriza muito a aparição midiática — inclusive nos meios tradicionais. Esta competência foi muito importante para as lutas e a construção do 15-M.
Um quarto grupo se formou nas várias assembléias e coletivos do cognitariado urbano. Esses não possuem militantes orgânicos. Trata-se essencialmente de uma esquerda intelectual, que protesta e coopera em rede, assumindo posições radicalíssimas contra a precariedade e a incerteza do trabalho, além de contestar os baixos salários. São grupos do trabalho imaterial crescidos na crise, “dentro e contra”.


quarta-feira, 25 de maio de 2011

AS ARTES VISUAIS PRESENTE NA FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO.

A obra, batizada de "Torre de Babel de Livros", é de autoria da artista plástica argentina Marta Minujín, que reuniu mais de 30 mil exemplares de 54 países, inclusive do Brasil, como informou a assessoria de imprensa do governo de Buenos Aires.
"É importante que todos venham (ver) porque esta é uma obra de participação maciça", disse Minují
Para reunir tamanha quantidade de livros, ela contou com edições doadas pelas embaixadas e por moradores de Buenos Aires, que entregaram seus exemplares durante dois meses nas várias livrarias da cidade.
"A ideia foi transformar a torre num veículo da cultura, unificando o mundo através dos livros", afirmou a artista. Ela disse que a realização da obra foi como "um milagre" artístico que "entrará no imaginário coletivo".
José Mraia Mejhias member da Bow Art International foi o representante escolhido para divulgar as editorações da B.A.I.

terça-feira, 24 de maio de 2011

CRÍTICA LITERÁRIA - OBRA DE SÉRVULO SIQUEIRA


Fragmentos de um Botão de Rosa Tropical, 205 págs, 2010, Rio de Janeiro, de Sérvulo Siqueira, edição do autor.

Imerso em uma árdua e satisfatória pesquisa o crítico e cineasta Sérvulo Siqueira mostra que as informações nem sempre são verdadeiras. Os motivos são vários e partem desde meros monólogos até o desejo de sair à frente para suprir o desejo de inovar. A estada de Orson Wells no Brasil possui inúmeras versões, um “mistério” acerca do seu inacabado filme Its All True. A pesquisa de campo em função deste enigma serviu de motivação para o autor realizar sua pesquisa desde 1962 até 1983 como informa a orelha deste livro.
Vejo Sérvulo como um personagem incluso na sua obra, recorrendo a documentos, fotografias e sujeito a revisar nesta trajetória sua obra e a de Wells. Seu objetivo é parceiro de arquivos que fornecem fatos relevantes para a história do Cinema. Certamente, este processo se arrastou aprofundando os laços entre Sérvulo e Orson e este encantamento com seus vaivens, surpresas não se restringe, somente em mostrar a verdade, vai muito além, pois estabelece uma estratégia motivadora no leitor. Para assumir a primeira pessoa conduz o visitante leitor pelos labirintos que um dia marcou a chegada e a partida do cineasta e o seu sonho que não é sonho e sim as galerias dos documentos e o cotidiano.
Como leitor e propondo-me a fazer um chamamento: palavras que substituí em relação à crítica vão de encontro de um opus para deixar registrado o entrever que narra com entusiasmo e coerência “alguns fatos obscuros, mal explicados ou propositalmente distorcidos”. O livro: “Fragmentos de um Botão de Rosa Tropical” não é um brado indignado é mais que uma fonte de pesquisa, coleciona ambiências, os múltiplos segmentos que formam um elo para adequar a ideia formatada do autor, certamente a polêmica é dita de outra maneira; a polêmica revitalizada que garante a imparcialidade, porque estimula à diversidade que orienta e abre possibilidade ao diálogo e esclarecimento.
Vicente de Percia
Escritor/Crítico de Arte membro da Associação brasileira e internacional de críticos de arte e Member da Bow Art Internationa
Helena Falcão disse... Para adquirir este livro, visite a página

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

EMBRIÃO DE UMA NOVA ESQUERDA




Origens do movimento espanhol revelam busca de pós-capitalismo e esforço para superar velhas formas de centralização. Há avanços e limites
Por Antonio Martins
Com pesquisa de Luís F. C. Nagao
Se em 1989 caiu o muro de Berlim, em 2011 caíram todas as formulações sobre o fim da história e a falta de interesse dos jovens pela política. As mudanças no mundo árabe e a piora nas condições de vida com ausência de perspectiva na Europa estão gerando processos de luta social intensos e, sobretudo, inovadores.
O caso espanhol é significativo. O uso da internet como forma de comunicação direta entre os que os que rejeitam as lógicas do capitalismo não é novo. Em 2004, mensagens em massa, trocadas por celular, desconstruíram uma tentativa do então primeiro-ministro, José Aznar, para manipular atentatos terroristas e assegurar vitória eleitoral. Em 2006, houve mobilizações por casas dignas. Em 2010, greve geral contra os ataques do governo a direitos trabalhistas. Há poucos meses, o ciberativismo mobilizou-se contra a chamada “Lei Sinde”, que, a pretexto de defender a propriedade intelectual, restringe a troca de músicas, vídeos e outras criações culturais via internet.
Nas últimas semanas, esta rica história de ações ajudou a propagar de forma muito rápida duas iniciativas que desembocaram na ocupação, pela juventude das praças centrais de mais de duzentas cidades – inclusive Madri e Barcelona. São elas: o movimento Juventude sem futuro e a convocatória da Democracia Real Já
Juventude sem futuro é uma agrupação de associações universitárias que vem ganhando destaque por lutar contra a mercantilização do ensino e as contra-reformas trabalhista e no sistema de aposentadorias (aumento da idade mínima para receber os benefícios e redução de seu valor). As mudanças na lei trabalhista aumentam a precariedade dos contratos e reduzem o poder dos sindicatos, ao limitar as negociações coletivas conduzidas por eles. A taxa de desemprego juvenil está em 40%.
Mas a elitização do ensino foi, talvez, o fator que detonou a atual mobilização. O acesso à universidade torna-se cada vez mais restrito. Prioriza-se investimentos que formam uma elite – em geral direcionada para postos em grandes empresas – e deixa-se à míngua cursos menos diretamente relacionados com o mercado. Em 7 de abril, milhares de estudantes foram as ruas de Madri e mais dez cidades, em protesto contra mais uma rodada de ataque aos direitos sociais

terça-feira, 10 de maio de 2011

MESTRE E DR PELA UNIVERSITÉ DE PARIS I, COMENTA ENSAIO DE MEMBER DA BOW ART INTERNATIONAL

PARQUES TEMÁTICOS E PÓS-MODERNIDADE
Parabenizo a professora Diomira Faria pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo sobre um tema que merece uma ampla discussão: as manifestações pós-modernas e o turismo, e um associação dos parques temáticos com a pós-modernidade.
Quando falo de um tema que merece uma ampla discussão refiro-me à querela moderno/pós-moderno.
Sem querer me alongar no texto pensamos nos Ciclos da História da Arte onde estudamos os períodos arcaico, pré-clássico, clássico, helenístico, ou românico, gótico, gótico flamejante, ou pré-renascimento, renascimento, barroco e outros tantos ciclos que se repetem segundo uma noção estética muito bem desenvolvida pelo filósofo-professor Jean François Lyotard em seus cursos sobre o Belo e o Sublime nas salas da Sorbonne em Saint Denis, Paris VIII.
Outra batalha importante no século XX foi travada nas Universidades Européias e Brasileiras: os arquitetos e os artistas se insurgindo contra o ensino acadêmico ministrado nas Escolas de Belas Artes de Paris e do Rio de Janeiro.
Esta querela precede a atual tão bem definida pela professora Diomira Faria: turismo moderno x turismo pós-moderno, tomando como base os parques temáticos. Realmente,os parques temáticos são uma associação com a pós-modernidade.
No modernismo tivemos um turismo de massa homogênea e no pós-modernismo o turista não faz parte desta massa homogênea da população, com o crescente desprestígio do turismo de massa.
As viagens tendem, cada vez mais, a serem personalizadas. O cliente escolhe seu roteiro, reúne alguns amigos e amigas e traçam as etapas desejadas para suas viagens. Dirige-se então a uma agência de turismo para contratar seus serviços. Isto seria inimaginável no período moderno quando predominavam os pacotes turísticos.
Os parques temáticos caracterizam este período do turismo internacional. São numerosos os exemplos para serem lembrados em tão poucas linhas.
A interpenetração dos ciclos históricos é bem definida pela professora Diomira Faria quando ela afirma que os “parques temáticos são fenômenos com raízes na modernidade, servindo a um consumo de massas, com o qual é necessária uma rígida estrutura e uma ênfase na racionalização”. Cita a Disneyização e a McDonaldização como fenômenos modernos inseridos em um mundo pós-moderno.
Tópicos abordados pela professora Diomira, como compressão do tempo em um espaço determinado, consumo e lazer, hiperrealidade, lugares paradigmáticos, progresso tecnológico mereceriam uma análise posterior.
Bem lembrada a citação feita pela professora Diomira do livro de Harvey, Pós-Modernidade (1990): “o pós-modernismo não é uma descontinuidade em relação ao modernismo, e sim diferentes manifestações da mesma dinâmica subjacente”.
Concordo plenamente com a professora Diomira: trata-se de uma oferta moderna para uma demanda pós-moderna.
Rio de Janeiro, em 10 de Maio de 2011.
Roberto Cavalcanti
Arquiteto / Urbanista
Professor Doutor FAU-UFRJ
Mestre e Doutor pela Université de Paris I, Panthéon, Sorbonne

sexta-feira, 29 de abril de 2011

CINEMA CONTRA A HOMOFOBIA

O Ministério da Saúde francês decidiu financiar curtas-metragens para lutar contra a homofobia e o suicídio entre os jovens. Mas como criar imagens capazes de um tal feito?


Por Bruno Carmelo, editor do blog Discurso-Imagem.
“Jovem e homossexual sob o olhar dos outros”. O título deste projeto não poderia ser mais claro. Este conjunto de cinco curtas-metragens nasceu da iniciativa do Ministério da Saúde francês em 2008, que propôs aos jovens enviar roteiros com o tema acima. Os mais de 3000 projetos foram lidos, e cinco foram selecionados por psicólogos, membros de associações gays e personalidades do cinema, além do cineasta francês André Téchiné, abertamente homossexual, coordenador do projeto. O resultado foi exibido na televisão a cabo e em alguns cinemas de arte, restringindo os filmes a um público com poder aquisitivo e formação cultural mais elevados.
Não caberia aqui denunciar o didatismo de um projeto que não pretende ser mais do que isso: um objeto pedagógico de “luta contra a homofobia”, segundo o site oficial. O mais interessante é ver as consequências da pedagogia no cinema, pensar na noção de um cinema útil e intervencionista – cinema este que, embora ferramenta de ensino, beneficia dos mesmos canais e dos mesmos meios de produção de qualquer outro filme financiado com fundos públicos. Os filmes são todos, diga-se de passagem, bastante profissionais e competentes tecnicamente.


sábado, 23 de abril de 2011

A EUROPA EM SEU LABIRINTO


Por Roberto Savio, de Other News
Tradução Antonio Martins
O presidente do Conselho de ministros de Finanças da Europa e primeiro-ministro de Luxemburdo, Jean Claude Junker, ficou famoso por ter declarado: “Todos sabemos o que deveríamos fazer, mas se o fizéssemos perderíamos todas as eleições”. Esta frase, uma declaração de impotência da política, indica o caminho que o continente está seguindo.
O governo de Portugal é a última vítima deste caminho. Todos os mecanismos criados pelas instituições europeias para ajudar seus membros em crise estabelecem como condição eliminar o déficit orçamentário nacional. Mas já temos dados suficiente para saber em que estamos nos metendo.
Grécia, Irlanda e agora Portugal têm acesso a centenas de bilhões de euros de ajuda. Mas trata-se de empréstimos e embora os juros sejam um pouco mais baixos do que cobram os bancos privados, permanecem muito altos. Acumulam-se a cada dia. Para receber tais créditos, os governos comprometem-se a cortar seus orçamentos mais do que seria politicamente aceitável. E no caso de países com alta dependência do gasto público para sua estabilidade e crescimento, cortes drásticos significaram sempre desaceleração econômica, quando não inflação, o que torna ainda mais difícil pagar cada euro da dívida.
Em economia, a isto se dá o nome de “a armadilha da dívida”. O remédio tradicional era desvalorizar a moeda nacional, o que agora é impossível para os 17 países que adotaram o euro como moeda única – ou, então, declarar algum tipo de moratória, igualmente impossível, já que arrastaria todo o castelo europeu. Simon Tilford, economista-chefe do Centro para a Reforma Europeia, de Londres, escreveu: “Há um limite para os cortes de orçamento que um governo pode aplicar e sobreviver politicamente” se não se vê, como luz no fim do túnel, uma perspectiva de crescimento econômico.
Mas sabemos que esta luz não se vê na Grécia, Irlanda ou Portugal. As estatísticas dizem que os Estados não puderam aumentar suas receitas – ao contrário. Em boa medida, porque o déficit social aumenta, com desemprego e redução de investimentos privados e sobretudo públicos. Como observou Antonio Nogueira Leite, economista do Partido Social Democrático português (opositor e à direita do primeiro ministro demissionário José Sócrates): “As probabilidades de que a Grécia tenha de reestruturar sua dívida não são menores que há um ano e os negociadores levarão isso em conta, quando discutirem o tipo de juros que se aplicará aos empréstimos europeus”. E a revista Economist escreveu: “O plano internacional para salvar a Grécia está paralisando o país”.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

VENENOS QUE CONTAMINAM

Baseada em latifúndio e monocultivos, agricultura brasileira já consume 1 bilhão de litros de venenos, que contaminam água, solo e seres humanos.
 Por Danilo Augusto, na Radioagência NP
Na última safra, as lavouras brasileiras bateram o recorde de uso de agrotóxicos. De acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindage), mais de um bilhão de litros de veneno foram usados na agricultura. Se confirmado o volume de vendas estimado em 2010 pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), esse recorde pode ser superado. A entidade estima um crescimento de até 8%, em relação ao período anterior.
O uso excessivo destas substâncias químicas está relacionado com o modelo agrícola brasileiro, que se sustenta no latifúndio, na monocultura, na produção altamente mecanizada para a produção em larga escala. Para sustentar essa lógica, empresas e produtores precisam usar sem qualquer controle os agrotóxicos.
Mas para onde vai este veneno? Grande parte dele vai parar nos alimentos à venda nos supermercados, nas feiras. Ou seja, vai parar na mesa da população e, depois, no estômago.
Um estudo realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) detectou no pimentão mais comum, vendido nos supermercados, substâncias tóxicas no patamar de 64% além da quantidade permitida. Na cenoura e na alface, foram encontrados 30% e 19% de agrotóxicos acima do recomendável pelo órgão do governo. Vale lembrar que a quantidade limite de agrotóxicos e produtos proibidos são diferentes para cada cultura, mas é certo afirmar que estamos comento produtos envenenados.
Além da contaminação dos alimentos, os agrotóxicos estão se dispersando no meio ambiente, seja na terra, água e até mesmo o ar. Muitos desses agrotóxicos comercializados no Brasil, inclusive, formam banidos da União Europeia (UE).
Uma operação da Anvisa, que durou aproximadamente dez meses e visitou sete fábricas de agrotóxicos instaladas no Brasil, concluiu que seis delas desrespeitavam as regras sanitárias e tiveram as linhas de produções fechadas temporariamente. Entre as irregularidades encontradas, estão o uso de matéria-prima vencida e adulteração da fórmula.

sábado, 9 de abril de 2011

AGROTÓXICOS NA LAVOURA UM TEMA GLOBALIZADOR POSITIVO

por Manuela Azenha, de Cuiabá (MT)
Há cinco anos, Lucas do Rio Verde, município de Mato Grosso, foi vítima de um acidente ampliado de contaminação tóxica por pulverização aérea. Wanderlei Pignati, médico e doutor na área de toxicologia, fez parte da equipe de perícia no local. Apesar de inconclusiva, ela revelava índices preocupantes de contaminação.
Em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pignati passou então a dirigir suas pesquisas à região Centro-Oeste. Professor na Universidade Federal do Mato Grosso, há dez anos ele estuda os impactos do agronegócio na saúde coletiva. É o estado onde mais se aplica agrotóxicos e fertilizantes químicos no Brasil, país campeão no consumo mundial dessas substâncias. Pignati alerta que três grandes bacias hidrográficas se localizam no Mato Grosso, portanto quando se mexe com agrotóxico no estado, a contaminação da água produz impacto enorme.
O projeto de pesquisa coordenado por Pignati tem o compromisso de levar às populações afetadas os dados levantados e os diagnósticos. Para ele, é fundamental promover um movimento social de vigilância sanitária e ambiental que envolva não só entidades do governo, mas a sociedade civil organizada e participativa.
Diferentemente da União Européia, aqui a legislação não acompanha a produção de conhecimento científico acerca do tema. Segundo Pignati, a legislação nacional, permissiva demais, limita a poluição das indústrias urbanas e rurais, enquanto paralelamente a legalizada
As portarias de potabilidade da água, por exemplo, ampliaram cada vez mais o limite de resíduos tóxicos na água que bebemos. E na revisão da portaria que está prestes a acontecer, pretende-se ampliar ainda mais
Pignati condena a campanha nacional em prol do álcool e do biodiesel, energias que considera altamente prejudiciais e poluentes para o país que as produz: “Se engendrou toda uma campanha para dizer que o biodiesel viria da mamona, do girassol, de produtos que incentivariam a agricultura familiar, mas é mentira, vem quase tudo do óleo de soja”
Assim como a pesquisadora cearense Raquel Rigotto (leia aqui a entrevista dela ao Viomundo), Pignati também questiona a confiabilidade do “uso seguro dos agrotóxicos”, um aparato de normas e procedimentos que mesmo se contasse com estrutura para seu funcionamento ideal, ainda assim não garantiria o manejo absolutamente seguro dos venenos
Para Pignati, a falta de investimento na vigilância à saúde e ao ambiente no Brasil é uma questão de prioridade: “Tem muito dinheiro para vigilância, mas não para o homem. Existe um verdadeiro SUS que cuida de soja e gado, produtos para exportação

quarta-feira, 16 de março de 2011

SÍMBOLO MÁXIMO DA ANTROPAGIA BRASILEIRA DE VOLTA AO BRASIL


Obama será o primeiro a ver exposição de obras de mulheres brasileiras no Planalto

Muitas das obras que serão expostas fazem parte dos acervos de órgãos públicos
Logo ao chegar ao Palácio do Planalto, no próximo sábado (19), o presidente do Estados Unidos da América, Barack Obama, e a sua mulher, Michelle, serão levados pela presidenta Dilma para visitarem a mostra Mulheres Artistas e Brasileiras - Produção do Século 20, que está sendo montada no Palácio do Planalto. Eles serão os primeiros a visitar a exposição que será inaugurada no próximo dia 23 e ficará aberta à visitação pública por cerca de um mês e meio.
Nesta semana, a Presidência providencia os últimos preparativos para a exposição, que faz parte das comemorações do Mês da Mulher. O pedido para que tudo já estivesse pronto na visita de Obama foi feito pela própria Dilma.
A exposição reunirá cerca de 80 obras, entre telas e esculturas, de 49 artistas brasileiras. O Salão Oeste, no primeiro andar do Palácio do Planalto, foi preparado especialmente para a mostra. As paredes foram pintadas com uma tinta da cor chamada menininha, um rosa bem claro.
Hoje (16) deve chegar ao Planalto a obra mais esperada: o Abaporu, de Tarsila do Amaral. A tela, símbolo da pintura modernista brasileira, estava exposta no Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires (Malba) e foi cedida para a exposição pelo seu dono, o colecionador argentino Eduardo Costantini. A própria presidenta cuidou das conversas com o colecionador para que a obra fizesse parte da exposição.
A tela foi arrematada por Constantini, em um leilão em Nova York, em 1995, por US$ 1,5 milhão. A pintura em óleo sobre tela foi cedida pelo colecionador para ficar no Brasil durante um mês e meio, tempo que durará a exposição a ser inaugurada pela presidenta no próximo dia 23.
Símbolo máximo da antropofagia brasileira, o nome Abaporu significa, em tupi, homem que come gente, uma referência à proposta modernista de “deglutir” a cultura estrangeira, fazendo uma releitura com base na realidade brasileira. O quadro foi pintado em óleo sobre tela em 1928. A pintora Tarsila do Amaral presenteou com o Abaporu o seu marido na época, o escritor Oswald de Andrade.



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

POR UM CINEMA PÓS-INDUSTRIAL


Os últimos anos têm nos deixado claro que há algo importante acontecendo nesse cinema brasileiro que não esconde mais o rótulo da cerveja nas cenas de bar. Em festivais, as salas estão lotadas, debates longos com centenas de participantes, e há muitos e muitos filmes que circulam no Brasil (e no mundo) em festivais, mostras, dvds, cineclubes, camelôs, internet – e muito raramente em shoppings. Ao mesmo tempo, quando o debate sobre fomento e distribuição aparece, a questão gira em torno de como implementar uma indústria, como fazer a passagem desse cinema para o “verdadeiro” profissionalismo.
Por vezes, cineastas mais experientes dizem apenas: “Vocês podem fazer esses filmes colaborativos e à margem da indústria agora, mas logo terão que entrar no sistema.” Em Tiradentes, este ano, Cacá Diegues dizia: “A economia no cinema é muito frágil, de repente tudo pode acabar.” Algo parece estranho nesses dois momentos. Por uma lado esse cinema existe, se renova ano a ano, circula, conta com centenas de técnicos, público, tem boas críticas e reconhecimento em festivais nacionais e internacionais. Por outro, há um discurso que atravessa o debate, para o qual isso é insuficiente: eles precisam da indústria. Para entender essa esquizofrenia que diz que o que existe deve deixar de ser como é para existir, é preciso algumas palavras sobre o capitalismo, sobre o que foi a indústria no século XX e o que significa falar em indústria hoje.

A era industrial

No final do século XX inicia-se uma mudança decisiva no capitalismo. A indústria, que há dois séculos dominava a geração de valor, deixa de ter o lugar hegemônico.
Lembremos de maneira rápida: a indústria trabalha dentro de paradigmas claros para que transformação da matéria em produto funcione de forma ideal. É necessário colocar os sujeitos em uma linha de montagem em que suas capacidades subjetivas e criativas sejam deixadas de lado – o que não significa dizer que na indústria não haja criatividade (como em Tempos Modernos, de Charles Chaplin – foto). É preciso que, no limite, entre projeto e produto não haja alteração e que tudo funcione em absoluta previsibilidade. Para a indústria, é necessária uma política de escassez, em que as cópias são reguladas; um novo produto significa mais matéria-prima e tempo de linha de montagem em operação; logo, custo.
Dentro da lógica industrial, a organização dos sujeitos em classe estava dada por uma posição econômica, claro, mas também simbólica, ou seja: que lugar o sujeito tem na ordem estética, que lugar ele tem na indústria? Em outros termos: que direito e que possibilidades de experiências sensíveis e subjetivas o sujeito tem nesse processo de transformação da matéria-prima em bens industriais, em produtos? Assim, na indústria há dois lugares claros a serem ocupados: aqueles que são proprietários dos meios de produção e aqueles que operam sem os meios – os trabalhadores. Enquanto, na ponta da cadeia produtiva, o dono do capital opera mimetizando o próprio capital – desgarrado, em fluxo, sem lugar definido – o trabalhador vive no espaço fechado, no salário definido, no gesto repetitivo, no cartão de ponto. Não é só a falta de dinheiro que o afasta do capital, mas todo o campo simbólico. Assim, mais do que um sistema de produção, a indústria é um regime discursivo e estético que opera no sensível, no dizível e no visível.
Resumindo: na era industrial o trabalhador não opera criativamente, está distante dos meios de produção e deve ser colocado em uma linha marcada pela previsibilidade do processo. Os meios de produção são marcados pela escassez e as classes são organizadas pelas possibilidades econômicas e sensíveis.
A era pós-indústrial
O que acontece na atual fase do capitalismo é um deslocamento do lugar do valor com fortes implicações nas relações que os poderes estabelecerão com os vivos, com a natureza da mercadoria, com a divisão de classes e com os meios de produção. No capitalismo pós-industrial (imaterial, cognitivo) não é mais no produto/matéria que se encontra o centro do valor, mas no conhecimento, na forma de se organizar e modular uma inteligência coletiva. Para se produzir valor não se depende apenas da força de trabalho física dos indivíduos, mas da força de invenção (Lazzarato) das vidas. Ou como escreveu o Yann Moulier Boutang “o centro de gravidade da acumulação capitalista mudou” e a centralidade do valor é imaterial.
Por Cezar Migliorin, Revista Cinética

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A QUESTÃO DA PÓS-MODERNIDADE TENDO COMO ENFOQUE AS FAVELAS

Estética das favelas. A questão que se discute já não é mais, felizmente, relativa à remoção e relocação dos habitantes das favelas para áreas longínquas da cidade. Hoje, o direito à urbanização é um dado adquirido e incontestável, ou seja, a questão já não é mais simplesmente social e política mas deve passar obrigatoriamente por uma dimensão cultural e estética. Sempre houve um tabu, em se tocar nas questões culturais e principalmente estéticas das favelas, mesmo se sabendo, que o samba e o carnaval (e várias outras festas populares e religiosas), ícones do nossa cultura popular, se desenvolveram e possuem ligação direta com esses espaços, e que, ao mesmo tempo, várias favelas foram removidas por serem consideradas "antiestéticas". Em contrapartida, inúmeros artistas, tanto da própria favela quanto da dita cidade formal, ou até mesmo estrangeiros, se influenciaram e buscaram inspiração nessa "arquitetura" das favelas. Além de fazer parte do nosso patrimônio cultural e artístico, as favelas se constituem através de um processo arquitetônico e urbanístico vernáculo singular, que não somente difere, ou é o próprio oposto, do dispositivo projetual tradicional da arquitetura e urbanismo eruditos, mas também compõe uma estética própria, uma estética das favelas, que é completamente diferente da estética da cidade dita formal e possui características peculiares. Do caso mais extremo onde a favela era removida e seus habitantes relocados em conjuntos habitacionais cartesianos modernistas, até o caso mais brando atual, onde os arquitetos da dita pós-modernidade passaram a intervir nas favelas existentes visando transformá-las em bairros, a lógica racional dos arquitetos e urbanistas ainda é prioritária e estes acabam por impor a sua própria estética que é quase sempre a da cidade dita formal. Ou seja, a favela deve se tornar um bairro formal para que uma melhor integração da favela ao resto da cidade se torne possível.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Vivemos o futuro, mas o que observamos é passado porque o presente não se consegue explicar. Abrimos os olhos e o que vemos é chamado de século XXI, o século que aguarda as acções e comportamentos dos Homens. O ser humano, como objecto de estudo filosófico, enfrenta graves problemas próprios desta era contemporânea. O que fazemos repercute-se mediante as consequências e se o Homem se «auto-extinguir» será impossível concluirmos tal coisa, pois já não estaremos neste mundo como condição de vida. As divergências entre os povos e as suas culturas têm criado muitos conflitos [guerras], os quais colocam em dúvida os Direitos Humanos. Falamos de Direitos e, na sua base, são influenciados por valores e podem pôr o Homem a questionar-se sobre a sua felicidade. Afinal, o que é «ser feliz»? Somos capazes de sê-lo? Contudo, não nos esqueçamos que a nossa espécie está em iminente risco e, assim sendo, será que estamos conscientes da importância do meio-ambiente na nossa vida? Olho, então, em redor e concluo que caminhamos em direcção a um ideal, a perfeição, mas que os nossos actos nos levam a um destino completamente diferente, um futuro incógnito! Vivemos numa contradição: a vida é um paradoxo. Evita a Guerra, busca a felicidade, respeitando os Direitos Humanos e preservando a nossa condição neste mundo, consciencializando-te da tua responsabilidade ecológica. A BUSCA DA FELICIDADE A Felicidade é vista como um valor, o qual obriga a que exista a infelicidade como contrário, implicando assim uma definição muito mais complexa. Podemos dizer que a Felicidade [segundo a eudaimonia – ética antiga] é algo que se conquista através de uma decisão tomada de forma apropriada perante certos acontecimentos práticos em relação ao Homem e ao mundo. Contudo, numa dimensão pessoal, a Felicidade pode ser vista como os momentos em que alcançamos o prazer ou a satisfação, a perfeição [o que sabemos desde já que é inatingível].  Factores que determinam a felicidade: § Saúde, bem-estar, dinheiro, longevidade, liberdade política, amizade/amor...


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O CRÍTICO DE ARTE VICENTE DE PERCIA COMENTA: "O EFEITO GLOBALIZADOR"



  O final de todos os anos é de praxe os meios de comunicação fazerem as reprises dos acontecimentos, torna-se habitual àqueles que prendem a opinião pública a publicar os fatos que se repetiram   por mais tempo nas manchetes. Os argumentos utilizados não se ficção em aspectos formativos ou em notícias que tendem a implantar o hábito de um senso-crítico. Tal fato, ocorre porque diante de um receptor acostumado a engolir o que lhe é imposto, aceita a informação com passividade. O elemento emotivo e "sensacional" é o preferido e em discursos repetivos, praticamente incluso em todos os meios de comunicação esta postura é adotada. Estes discursos passam a ser pertinentes com todos os seus atributos de linguagem reiteradas e já denunciam o efeito globalizador repleto de "normas" que transforma o texto em um produto de ganho fácil, surpérfluo a ser utilizado por um longo período, uma propaganda direcionada com intenções apenas de consumo e "convencimento".
  A axiologia de "valores" é voltada, apenas para atrair o espectador    esta postura é utilizada sem restrições e não para liberar novas inserções de aprendizado, pois criar uma notícia mesmo sendo consistente é um risco. Vê-se também que ocorre em outros segmentos da cultura esta "unanimidade" que impede que a expressão artística surja fora de uma sistematização pertinente sem que exista algo que passe pelo cotidiano e traga um somatório capaz de identificar pretensas rupturas ou o olhar para um individual consistente.
  Observar um mundo diferente atual através de opiniões que ressaltem particularidades e visualizar outras janelas em que os assuntos insiram sobre a sociedade na sua estrutura orgânica e sensível, buscando o diálogo e a reflexão é posto de lado. Este processo representa a castração brusca em relação ao desenvolvimento desejado - intuição e trajetória cultivada posta de lado. Apesar das crises que observamos nos relacionamentos do Homem com o Homem e com a organicidade do mundo que desejamos: um futuro melhor. Temos acesso somente a poucas formas de comunicação que ressaltem um olhar diferenciado que emerjam de tentativas, erros e acertos; o oposto deve ser observado, também como alerta, ou seja, notícias herméticas pretensiosas que tendem colocar o leitor contra a parede ao conferir a obra de arte o satus quo - consentir para não se sentir excluído.
 Estes argumentos tendenciosos buscam criar mitos, personalidades e uma qualificação / quantificação profissional que afasta a possibilidade de se fazer uma investigação coerente, com isto o receptor sente-se aprisionado e para  não ser minimizado consente com a informação que ele não compreende. Ativar um novo experimento que mexa com valores e que componha um corpo em um processo de criação é um instrumento de sedução para aproximar o público é o significado da cultura.
 A estratégia discursiva globalizante produz uma falsa verdade, visto que a relação entre realidade e linguagem não condiz com a essência da arte que é tão relevante como a própria vida. Calcar só sobre um aspecto com funções conotativas estabelecem uma dicotomia e denuncia os interesses que estão por detrás deles. " A Arte Nasce do Novo" é um chavão académico, pois este "novo" que vemos é repetitivo e não dá chance que o indivíduo use a sua sedução de expansão com os seus sentidos livres. No meu entender existe um magicísmo, onde os impulsos do criador possa mostrar as suas diferenças, inclusive o que o Homem  pensa ser uma obra de arte e a questão do belo entre vários tópicos.
 Pontuações sobre a imagem artística não podem ser decidida em " acordos", o que importa é que a ideia se presentifique mediante os
 mais variados segmentos da natureza com liberdade.

Vicente de Percia