quarta-feira, 25 de julho de 2012

MÚSICA EM CONTEXTO



                                                                                                    Paulo Bernardino
                                                                                                          Portugal


De acordo com o cenário cultural prevalecente estamos a atravessar uma metamorfose, que está a transformar-nos numa sociedade que possui uma pele tecnológica essencialmente composta por 
imagens. De facto, a tecnologia está sempre voltada para o aperfei-
çoamento da imagem e isso pode ser interpretado como uma crença, 
assim com uma vontade, de compreender o mundo através da sua simulação.
Estando a tecnologia sempre presente em toda a história da 
arte, que é sobretudo constituída por imagens, veremos em que  medida a tecnologia digital está a interferir com o processo artístico - procurarei reflectir em que medida a tecnologia digital tem vindo a interferir 
com os processos artísticos contemporâneos.
Na Arte, o resultado do encontro entre a tecnologia e o desejo 
pela  interactividade impulsiona-nos  a perceber o desenvolvimento 
da ideia de partilha na produção que se abre como inerente à atitude 
do acto criativo. O trabalho, sendo revelado pelo desejo de interacção 
enuncia um posicionamento que está ligada tecnologicamente ao 
meio (questões que se associam ao espaço e aos processos).
Na primeira parte do artigo procurarei construir uma genealogia 
da imagem, assim como das interferências tecnológicas, analisando a 
localização das imagens (lugar), e os meios utilizados para a constitui-
ção do real; durante o desenvolvimento procurarei demonstrar como é 
coordenado o significado das imagens, e por que precisamos de imagens; no final procurarei demonstrar os procedimentos do espectador 
perante as inovações digitais, de forma a percebermos e de que modo 
a interacção interfere com o posicionamento do publico perante os aspectos da criatividade.
O trabalho artístico contemporâneo aparece como uma combinação móbil para lá das probabilidades, onde o espectador é utilizado 
e transformado, permitindo uma mutação de atitudes, criando uma 
conjuntura paradoxal e complexa, porque ninguém quer um modelo 
Revista Música em contexto 27-11-2009 - N3 2009.indd   8 29/11/2009   12:26:27

segunda-feira, 23 de julho de 2012

ZUMBI DOS PALMARES EM YEVORAH



Por Ivan Alves Filho
Costumo apreciar mais as regiões do que os países propriamente. Não sei de onde vem esse sentimento. Mas costumo. E diria ainda que, acima de tudo, gosto de aproximar regiões. Unir o que a geografia às vezes desuniu. Mais que a História, a arquitetura, a culinária, as artes uniram as pessoas. Por exemplo: Toscana, Alentejo e Campo das Vertentes. Três áreas que conheço relativamente bem e que são para mim como que geminadas. Regiões tão distantes uma das outras e ao mesmo tempo tão próximas! Pois a Toscana, o Alentejo e o Campo das Vertentes têm em comum a hospitalidade de seus habitantes, a delicadeza de seus montes e vales e a singeleza da arquitetura de suas cidades e vilarejos. Caso estou na Toscana, penso no Alentejo. Se me encontro no Campo das Vertentes, sonho com a Toscana. E se porventura eu me acho no Alentejo, logo me perco no Campo das Vertentes. Vá entender!
Essas aproximações ocorrem de maneira quase automática. Curiosamente, as três regiões são profundamente católicas. E o catolicismo, como sabemos, moldou como poucas religiões na História o perfil cultural de determinadas áreas. As igrejas rurais da Toscana, do Alentejo ou do Campo das Vertentes são o que existe de mais encantador em matéria de arquitetura da fé — se é que eu posso definir assim as igrejas. Curiosamente ainda, essas três regiões se apresentam como redutos quase inexpugnáveis das tradições populares — e talvez por serem tão belos e artísticos os homens até relutem em transfomá-los ou o fazem senão com muita lentidão. Normal. Quem não se apega à beleza, não é verdade? E o que dizer ainda da cozinha dessas regiões? O melhor é comer: tutu à mineira, sopa alentejana ou arrosto misto, o difícil mesmo é escolher.
Finalmente — e aqui vai mais uma curiosidade —, Toscana, Alentejo e Campo das Vertentes materializam três nacionalidades distintas. Na Toscana de Dante Alighieri nasceu a língua italiana — l´idioma gentile, fator fundamental na formação da futura identidade italiana. No Alentejo, Portugal se fez latino e árabe também, já que a região integrava a antiga Andaluzia muçulmana. Dir-se-ia que o Alentejo é uma espécie de ponto de interseção entre Ocidente e Oriente, com suas igrejas católicas redondas, caiadas de branco, à maneira de mesquitas. E um sol fervente: “Alentejo não tem sombra / senão a que vem do céu...”, diz a poesia do povo. E no Campo das Vertentes, bem, no Campo das Vertentes o Brasil sonhou com sua Independência, com Tiradentes à frente. A liberdade, ainda que tardia, começou a se esboçar ali, em meio àquelas paisagens graníticas da Serra São José e do Pico do Itacolomi.
Regiões também são nações. E as cidades também o podem ser. Évora, por exemplo, a capital do Alentejo, é uma síntese cultural complexa — e um verdadeiro presépio. Muito alva e limpa, Évora é uma cidade silenciosa, harmoniosa e, sobretudo, preservadíssima. Tanto que foi declarada, há alguns anos, Patrimônio Cultural da Humanidade. Uma construção com cerca de dois mil anos, o Templo de Diana é a principal atração da cidade, que possui ainda uma bela praça de corte renascentista, a Praça do Giraldo, tradicional ponto de encontro dos moradores e muito apreciada pelos visitantes. Em Évora todas as crianças estão na escola e não há idosos pedindo esmolas pelas ruas. Uma cidade humana, ternamente humana. Data da época dos romanos e os árabes a conheciam por Yevorah, que significaria, sugestivamente, cruzamento ou encruzilhada. Ebora dos romanos, yevorah dos árabes e finalmente Évora dos portugueses.
Muitas e uma só. Évora fica bem junto ao Algarve, que provém do árabe al-gharb ou Ocidente. Trata-se da região mais rústica de Portugal, e também a que mais impressiona o viajante, pela beleza de seus espaços e sua força telúrica. É cercada pela natureza, como de resto Estremoz e Elvas. O cenário é quase mouro: casas sempre caiadas de branco, com janelas amarelas, de um só pavimento, distribuídas por um sem-número de ruelas estreitas e tortas. Terra salpicada de oliveiras, o Alentejo poderia perfeitamente ilustrar qualquer página da Bíblia Sagrada. E isso seria válido para o Alcorão também, se este aceitasse imagens.
Uma das mais belas e antigas universidades da Europa fica precisamente em Évora. E foi lá, naquele espaço do século XV, que se verificou o Colóquio Internacional Escravatura e Mudanças Culturais, que a Unesco promoveu, no final de 2001. Em 1536, Évora foi a sede da Inquisição em Portugal. Agora, simbolicamente, comportava um evento voltado para a confraternização entre os povos e as culturas diferentes.
Decididamente, o mundo mudou. Historiadores, geógrafos, antropólogos, linguistas do mundo inteiro buscavam, precisamente ali, as raízes da escravidão moderna. Estudiosos como José Capela, Alberto da Costa e Silva, Alfredo Margarido, Joel Rufino dos Santos se debruçaram durante alguns dias sobre a formação do mundo à época das chamadas Descobertas e, também, sobre a luta dos povos colonizados. Convocado pela Unesco, eu fui um dos 17 expositores do Colóquio. Uma honra. Minha fala versou sobre o Quilombo dos Palmares.
Fui o último a intervir no Colóquio. Aquele foi, talvez, o maior momento da minha atividade como historiador. O meu destino intelectual foi como que traçado naquela encruzilhada.

Ivan Alves Filho é jornalista e escritor, e colaborador da Fundação Astrojildo Pereira 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

MAIAS USAVAM BARRAGENS E RESERVATÓRIOS


Novo estudo antropológico revela que rede, na atual Guatemala, incluía barragens, reservatórios, canais de distribuição e até mecanismos de filtragem
Por Daniela Frabasile
Novos estudos sugerem que os maias tinham um sistema de abastecimento e filtragem de água mais complexo do que se imaginava. Cientistas identificaram uma grande barragem na região de Tikal, na Guatemala, parte da rede que provavelmente possibilitou o estabelecimento em uma área onde o clima é conhecido por apresentar seis meses de enchentes e seis de seca.
Tikal é uma das maiores e mais bem sucedidas entre as cidades maias, e estima-se que sua população tenha sido de 60 a 80 mil pessoas. Há pouco tempo, apesar de saberem muito sobre a cultura e modo de vida na região de Tikal, os cientistas não estavam certos sobre como os moradores da cidade gerenciavam o uso e distribuição da água.
Para sustentar um assentamento com as proporções de Tikal por quase mil anos, seria necessário um sistema complexo de coleta e uso da água, e isso foi descrito pelo antropólogo Vernon Scarborough e sua equipe em um paper publicado nessa semana na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Há vinte anos, Scarborough começou a estudar os mapas de Tikal e teve a ideia “razoavelmente hipotética” de que os maias poderiam ter controlado a água. No estudo, ele descreve uma sucessão de barragens e reservas, além de um sistema rudimentar de filtragem da água, que usava areia de quartzo.
O fato de a fonte mais próxima de areia se encontrar a mais de 30 quilômetros de distância sugere que os maias tinham a consciência de que, para usar a água armazenada, era preciso mantê-la limpa. Caixas contendo a areia de quartzo eram colocadas na entrada de alguns reservatórios. A água armazenada nos reservatórios sem o sistema de filtragem provavelmente era usada na agricultura.
Os reservatórios eram feitos nas pedreiras usando os buracos deixados onde haviam retirado imensas pedras para a construção de templos. Situavam-se em diferentes níveis, para que pudessem direcionar a água para qualquer lugar que fosse necessário na cidade. Além disso, com a preocupação de que toda a água fosse levada aos reservatórios, as fendas e rachaduras nas calçadas e construções eram preenchidas com gesso, com a finalidade, segundo os autores do paper, de levar toda a água da chuva para os reservatórios.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

AS CIDADES REBELDES DE DAVID HARVEY


Um grande teórico das metrópoles contemporâneas contesta hipóteses conformistas e vê nestes centros, colonizados pelo capital, laboratórios de outra sociedade
Entrevista a John Brissenden e Ed Lewis, do New Lef Project Left Project | Tradução:Daniela Frabasile e Laís Bellini
Acaba de sair (por enquanto, em inglês), um livro indispensável para quem quer debater crise do capitalismo, degradação social e ambiental das cidades e busca de alternativas. Numa obra curta (206 páginas), intitulada “Cidades Rebeldes”, o geógrafo, urbanista e antropólogo David Harvey sustenta pelo menos três ideias polêmicas e indispensáveis, num tempo de crise financeira, ataque aos direitos sociais, risco de desastre ambiental e… rebeliões contra o sistema. Elas estão expostas em detalhes em 
entrevista que Harvey concedeu a John Brissenden e Ed 


Lewis, do excelente site britânico New Left Project.
A primeira provocação do geógrafo – que é também um dos grandes estudiosos contemporâneos de “O Capital”, de Karl Marx (veja aárea especialmente dedicada ao tema, em seu site) – diz respeito ao papel das grandes metrópoles. Harvey discorda de dois tipos de pessimismo. Estes grandes centros para onde fluem as multidões de todo o mundo no século 21, diz ele, são bem mais que templos da desigualdade, da vida automatizada e cinzenta, da devastação da natureza.
É a elas que afluem – e lá que se articulam — as multidões às quais o capital já não oferece alternativas. Esta gente estabelece novas formas de sociabilidade, identidade e valores. É nas metrópoles que aparecem a coesão reivindicante das periferias; novos movimentos como Occupy; as fábricas recuperadas por trabalhadores em países como a Argentina; as famílias que fogem ao padrão nuclear-heterossexual-monogâmico. Nestas cidades, portanto, concentram-se tanto as energias do capital quanto as melhores possibilidades de superá-lo. Elas não são túmulos, mas arenas. Aí se dá o choque principal entre dois projetos para a humanidade.
A segunda hipótese de Harvey diz respeito à própria (re)construção de um projeto pós-capitalista. O autor de Cidades Rebeldes está empenhado em identificar e compreender formas de organização social distintas das previstas por um marxismo mais tradicional. Ele reconhece: ao menos no Ocidente, enxergar na a classe operária fabril o grande sujeito da transformação social equivale quase a um delírio. É preciso buscar sentidos rebeldes nas lutas por direitos sociais empreendidas por um leque muito mais amplo de grupos e movimentos. Não cabe nostalgia em relação às batalhas dos séculos passados: é hora de tecer redes entres os que buscam de muitas maneiras, nas cidades, construir formas de vida além dos limites do capital.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

UM RIGOLETTO COM POUCO BRILHO ABRE TEMPORADA DE 2012- THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO


          UM RIGOLETTO COM POUCO BRILHO
                                                              
                                       Vicente de Percia                              

   Aberta a temporada de ópera de 2012 do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O público compareceu em massa, esperançoso em assistir um bom espetáculo, visto que as últimas montagens ressaltando alguns interpretes e vozes como a da soprano argentina Paula Almenares em Lucia di Lammeermor de Donizetti em 2011. Infelizmente “ Ricoletto” estava muito aquém dos espetáculos operísticos já apresentados nesse Theatro, incluindo a obra em foco.
Verdi sempre exige sempre boas vozes e timbres específicos e “ Rigoletto” não foge a regra. Ópera em três atos, libreto de Francesco Naria Piave alicerçado em “Le Rois s’ Amuse de Victor Hugo. Estreia no Teatro de La Fenice , Veneza em 11 de Março de 1853. As informações é que ela foi composta em apenas 40 dias em plena jovialidade de Giuseppe Verdi(1813/1901).

   O Bufão (Rigoletto) é personagem centralizador dessa ópera o que não coloca em segundo plano os demais personagens. O barítono italiano Roberto Frontali apesar de ter uma boa voz não convenceu no papel principal, faltou- lhe presença, dramaturgia, enfim suporte para impor o grande canalha e sua complexidade.
Fernando Portari surpreendeu, porém não imprimiu a altivez, o domínio e a destreza necessária ao Duque de Mântua. Em  La Donna e móbile” no terceiro  ato na estreia não foi convincente. Ficou um querer mais. 
Artemisa Repa ( Gilda) excelente postura dramática, bela voz. Faltou um entrosamento maior com a personalidade da personagem.
Nessa montagem o cenário não passou de razoável e a decisão de jogar imagens no cenário foi desastrosa e o ambiente escuro em nada contribuiu para o drama. Sem dúvida apesar de não ser o desejado melhor que os chamados “cenários contemporâneos”.
A direção musical do maestro Oswaldo Ferreira Tudo não foi feliz, a obra estava solta sem vigor de uma história que requer o domínio do drama.   

terça-feira, 3 de julho de 2012

CRÍTICA DA ÓPERA " O ELIXIR DO AMOR" NO TEATRO SÃO PEDRO, SÃO PAULO, BRASIL, 2012



Sucesso grande na estreia de “L’Elisir d’Amore” em São Paulo, dia 26 de Junho.

O acerto da direção artística  e do Theatro São Pedro na escolha de “L’Elisir d’Amore”, muito bem focado em todos os seus aspectos cênicos e musicais, revela aqui conhecimento de causa, do ” mettier” de seus diretores, fazendo com que o público aflua feliz ao teatro,  com a lotação máxima em suas récitas até o dia 7 de Julho.
Gaetano Donizetti é o compositor do “Elixir do Amor”, estreada a 12 de maio de 1832, há 180 anos completos, no Teatro della Canobbiana, Milão, com libreto de Felice Romani e, como ópera cômica, é uma das mais populares da ópera romântica italiana. Do mesmo compositor são Il Campanello (1836), Lucrezia Borgia (1833), Gemma di Vergy (1834), Lucia di Lammermoor (1835), Roberto Devereux (1837) , A Filha do Regimento (1840), La Favorita(1840) e Don Pasquale (1843) englobando os gêneros dramático, lírico e cômico-engenhoso com muita propriedade e sucesso.
“L’Elisir d’Amore”, foi a escolhida para abrir a temporada lírica do Theatro São Pedro, na noite 26/6/2012 com muito sucesso de público. Um espetáculo bem cuidado nos figurinos, transpostos para uma época mais moderna, talvez dos anos de 1950, na aldeia em que se passa a história,  em tons neutros e de boa combinação e com único cenário de feliz concepção de Sílvio Galvão,  ambientando plenamente e com satisfação o âmbito da ópera enfocada, com o detalhe da fidelidade e a convicção de que realmente se trata daquilo que se vai ver cenicamente. Parabéns aos responsáveis por essa ambientação.
Walter Neiva, experiente homem de teatro,  fez a sua parte conduzindo nos jogos cênicos todos os figurantes, coro e solistas de maneira suficiente e muito bem cumprida da parte teatral do espetáculo, com propriedade especial para os seus intérpretes principais.
Sébastien Guèze, como Nemorino é um tenor lírico-ligeiro apropriado para esse personagem, voz conduzida em boa escola, com a coloratura necessária e timbre agradável, somado a domínio da cena com muita naturalidade de desempenho. Cantou  “Uma furtiva lagrima”, essa adorável romanza com sutileza e musicalidade, muito aplaudido ao seu final, como também no dueto com Adina “Esulti pur la barbara per poco alle mie pene”.
Gabriella Pace, a Adina, para a qual Donizetti escreveu a um soprano lírico “Leggero”,  não é a cantora ideal para esse personagem. Soprano lírico de timbre penetrante, porém estridulante acentuado, muitas vezes deixa a desejar nesse que é um papel tão gracioso e apimentado, com sonoridades ásperas e rígidas por demais. Uma voz com maior agilidade nas coloraturas diversas, em que são peculiares nesta ópera, acompanharia bem melhor as passagens, (ornamentos e apogiaturas)  com os andamentos da orquestra que não vacilou em nenhum instante nas mãos de Emiliano Patarra. De seu desempenho cênico houve boa dose de colaboração e eficiência.
Sebastião Teixeira, barítono fez um Belcore impecável cênico e musical,  fruto de sua experiência de palco, adquirida nas últimas décadas. A Gianetta de Thaiana Roversotambém colaborou para o êxito do espetáculo com musicalidade e apreço.
O charlatão Dottore Dulcamara pode dominar o espetáculo quando bem defendido. Enzo Dara, Domenico Trimarchi, Silvano Pagliughi são exemplos de grandes performances deste baixo buffo na história da ópera. Aqui, Saulo Javan defendeu o dottore. Possui um bonito timbre de baixo-barítono, todavia sua pequena extensão vocal  dificulta a emissão na região mais aguda,  o que o faz desafinar frequentemente nas passagens mais agudas. Na ária buffa “Udite, udite, o rustici”, tanto quanto nos duetos com Nemorino “Obbbligato!…” e no outro com Adina “Quanto amore”, ficam evidenciadas essas dificuldades por ele enfrentadas, contudo, seu trabalho cênico eficaz, convence plenamente o público que o brinda, aplaudindo-o calorosamente ao final de suas intervenções.
À saída da sala de espetáculos uma surpresa ainda nos esperava: uma lembrança de bem-casados de Nemorino e Adina entregue ao público,  num ato de delicadeza e bom gosto da direção do Theatro São Pedro, que está pois de Parabéns pelo trabalho apresentado, quer pela fidelidade,  limpidez e qualidade artística do espetáculo
Marco Antônio Seta, em 27 de Junho de 2012.