quinta-feira, 7 de junho de 2012

OCUPAR VAZIOS UMA DAS PROPOSTAS DA BIENAL DE BERLIM DE 2012 - O EVENTO NÃO ATINGE SEUS OBJETIVOS E MEDIANTE OBRAS "CONCEITUAIS" TORNA-SE MONÓTONA E EVASIVA


O artista polonês Lukasz Surowiec, por exemplo, mandou plantar em Berlim, no segundo semestre de 2011, bétulas vindas dos arredores do ex-campo de concentração de Auschwitz-Birkenau. As árvores foram plantadas em parques, pátios de escolas e em lugares que têm uma ligação direta com o Holocausto.
A proposta de Surowiec é manter viva a lembrança dos crimes atrozes do nazismo, além de resgatar um projeto anterior: a obra de arte 7.000 Carvalhos, de Joseph Beuys, que também usa a paisagem natural, tendo sido apresentada ao público em 1982 na documenta 7. No decorrer de muitos anos e com o auxílio de muitos ajudantes, Beuys plantou carvalhos em diversos locais de Kassel, a cidade-sede da documenta: uma intervenção artística e ambiental no espaço urbano, que reage ao processo de urbanização descontrolada.
Arte eficaz
A obra de Beuys se tornou há muito parte integrante da cidade, tendo modificado a imagem dela, além de incitar discussões constantes entre os moradores. A incompreensão inicial com relação ao projeto foi se esvaindo a cada nova árvore plantada, fazendo concluir que a arte pode ser crítica, útil e também política. Além de poder provocar, gerar reflexão, mudar o pensamento e, desta forma, modificar imperceptivelmente a realidade.
Os efeitos da arte fizeram-se notar de diversas maneiras no decorrer dos séculos, embora uma postura explicitamente crítica só tenha passado a existir de fato depois da Revolução Francesa. Até então, a arte tendia à idealização, resgatando motivos, por exemplo, da Bíblia, da vida na corte e da burguesia abastada. Só depois é que os aspectos omitidos da vida e da realidade passaram a ser tratados pelos artistas. Foi quando eles começaram a apresentar imagens nunca antes vistas.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

VOLTA " O PANELAÇO" A INSATISFAÇÃO E INTRANQUILIDADE DOS ARGENTINOS



Monica Yanakiew 
Os argentinos voltaram a protestar com panelas pela primeira vez desde 2008. Os MORADORES dos bairros mais nobres da cidade de Buenos Aires convocaram um panelaço nesta quinta-feira à noite (31), contra a corrupção, a insegurança e as restrições à compra de dólares. Foi o primeiro protesto contra o governo, desde que a presidenta Cristina Kirchner foi reeleita, em outubro passado, com 54% dos votos.
Também na quinta-feira (31), os ruralistas da província de Buenos Aires (que concentra um terço do Produto Interno Bruto e da população do pais) decretaram uma greve entre os dias 2 e 8 de junho. O protesto é contra o aumento de impostos à propriedade rural, aprovado num ano em que os agricultores estão sofrendo os efeitos da seca, que afetou a produção de soja.
“Eu compro dólares para me proteger da inflação, que o governo diz que é de 10% ao ano, mas que todos nós sabemos que está mais próxima dos 30%”, disse a contadora Soledad Nanclares, enquanto batia panelas no balcão de seu apartamento, no bairro de Palermo. “Acho que numa democracia todos temos o direito de fazer o que queremos com o dinheiro que ganhamos trabalhando de forma legal. Se o governo quer acabar com a cultura de poupar em dólar, os funcionários [públicos] deveriam ser os primeiros a dar o exemplo”.
O governo argentino começou a controlar as operações de câmbio para evitar a fuga de divisas do pais, que, em 2011, foi US$ 11 bilhões. Uma medida, de novembro passado, obriga os argentinos que querem comprar dólares, euros, reais ou qualquer moeda estrangeira a pedir autorização prévia à Afip (Receita Federal argentina). Os argentinos tem que provar que tem suficientes pesos declarados para realizar a operação de câmbio.
Duas outras medidas restringiram ainda mais a compra de moeda estrangeira. O governo proibiu o uso de cartões de débito de contas em pesos argentinos para retirar divisas no exterior e, em maio, impôs restrições à compra de divisas para quem viajar ao exterior. Pelas novas normas, quem quiser comprar moeda estrangeira ao câmbio oficial tem que informar à Afip para onde vai, por quanto tempo e por qual motivo.
O senador Aníbal Fernandez, que foi chefe de gabinete da presidenta Cristina Kirchner, defendeu as restrições, dizendo os argentinos deveriam começar a pensar em pesos argentinos. Há pelo menos quatro décadas, os argentinos pensam em dólares: vendem e alugam imóveis e poupam em moeda norte-americana. Mas em entrevista, o senador admitiu que ele também poupa em dólares: tem US$ 24 mil guardados porque, segundo ele, não quer perder tempo investindo em prazos fixos, que precisam ser renovados.

DILEMAS DE IZQUERDA MARXIXTA


BY: ABÍLIO BORÓN
Al igual que Hamlet, la izquierda argentina se pasea incansablemente por los confines de la oposición preguntándose las razones por las cuales no logra constituirse como una efectiva alternativa de gobierno. Pero esta imagen es, en realidad, engañosa, porque no hay un errante príncipe Hamlet, sino dos. El primero –que representa a una minoría dentro de la izquierda– se interroga angustiosamente acerca del significado e impacto de los cambios experimentados en fechas recientes por el capitalismo argentino una de cuyas muchas consecuencias ha sido la fragmentación y desorganización del universo popular y su subordinación a las políticas clientelares desarrolladas desde el Estado. Esto, además, tuvo lugar en un período como el que se abriera luego de la crisis de la Convertibilidad y en el cual se registraron muy elevadas tasas de crecimiento económico las que, sin embargo, no lograron regresar los indicadores de la pobreza a los niveles existentes al período anterior a la crisis. Hubo una mejoría, sin duda, en relación al punto más candente de la crisis (finales del 2001 y buena parte del 2002), en la cual los indicadores de pobreza y desigualdad se dispararon hasta niveles sin precedentes en la historia nacional, cercanos a los que caracterizan al África Subsahariana. Pero si bien la recomposición capitalista gestionada primero por el gobierno de Eduardo Duhalde y su Ministro de Economía Roberto Lavagna y continuada luego, en parte con el mismo ministro, en la primera mitad del mandato de Néstor Kirchner, pudo garantizar una rápida recuperación del crecimiento económico los resultados en materia de redistribución de ingresos fueron, en el mejor de los casos, modestos.
 
A diez años de iniciado ese proceso la pobreza, sigue afectando, según cálculos de diversas fuentes (gobiernos provinciales administrados por el kirchnerismo, consultoras privadas, la Universidad Católica Argentina, etcétera) aproximadamente a la cuarta parte de la población argentina. Las cifras oficiales del Instituto Nacional de Estadística y Censos (INDEC), intervenido por el gobierno nacional y carente por completo de credibilidad, anuncian en cambio, una proporción de personas viviendo debajo de la línea de la pobreza inferior al diez por ciento, dato éste que no es tomado seriamente siquiera por los sindicatos afines al kirchnerismo a la hora de negociar sus convenios colectivos con las distintas patronales.
 
La paradoja que atribula a este primer Hamlet de la izquierda es que bajo estas condiciones, habiéndose demostrado la incapacidad de la economía capitalista de redistribuir aún en un contexto de elevado crecimiento económico durante más de ocho años, las capas y sectores populares no consideran a la izquierda como una alternativa de gobierno capaz de construir una sociedad mejor.
 
El otro Hamlet, representativo de una opinión mayoritaria en el seno de la izquierda, gusta vestirse con los atuendos del Dr. Pangloss y pensar, como el personaje incurablemente optimista de Voltaire, que tarde o temprano la "verdad de la revolución" madurará en el seno del proletariado y que no hay nada que cambiar. La propia irrelevancia política y su falta de gravitación electoral y social así como las complejas mediaciones de la coyuntura no hacen mella en su fe en la victoria final. Para esta concepción sectaria, la tragedia de una izquierda ausente nada tiene que ver con las renovadas capacidades de desarticulación de la protesta social exhibida por el capitalismo contemporáneo, su eficacia para co-optar liderazgos contestatarios, el poderío de su industria cultural para manipular conciencias amén de las debilidades de sus propuestas, sus formas autoritarias de organización, lo arcaico de sus discursos hacia la sociedad o su desconexión con las urgencias sociales de nuestro tiempo. "Autocrítica" es una palabra que no existe en el diccionario de los fundamentalistas de izquierda; "rectificar" es otro verbo desconocido en su lenguaje. En su versión más rudimentaria esta actitud reposa sobre un axioma indiscutible: si la revolución no se consumó fue porque una cierta dirigencia de izquierda traicionó al mandato popular.