quarta-feira, 18 de agosto de 2010

FRANÇA E A XENÓFOBIA



Nicolas Sarkozy criticado por relacionar imigração e criminalidade no mesmo pacote de medidas
Os primeiros ciganos romenos que viviam nos acampamentos ilegais que o Governo francês mandou desmantelar nas últimas semanas vão ser expulsos hoje, conforme anunciou o ministro do Interior, Brice Hortefeaux, apesar de uma chuva de críticas da esquerda, dos media, da ONU, da Comissão Europeia e das autoridades de Bucareste e de Sofia.
79 ciganos de origem romena vão partir no voo de hoje, 136 serão reconduzidos na sexta-feira e 160 no próximo dia 26, confirmou o secretário de Estado para a integração da minoria cigana da Roménia, Valentin Mocanu, ontem citado pela AFP. Paris indicou que pretende expulsar até final do mês 700 ciganos romenos e búlgaros que viviam de forma irregular nos 51 acampamentos desmantelados em território francês.
O número de ciganos em França está estimado em 15 mil, mas nem todos são legais. Apesar de membros da União Europeia, um espaço em que existe livre circulação, como ontem lembrou Bruxelas, romenos e búlgaros estão abrangidos por um acordo transitório que os impede de permanecer mais de três meses em território francês caso não tenham aí qualquer actividade. As regras para entrarem no mercado de trabalho são também rígidas. A França alega, por isso, que não está a cometer nenhuma ilegalidade.
"As medidas decididas pelas autoridades francesas estão em plena conformidade com as regras europeias e não constituem nenhum atentado à liberdade de circulação dos cidadãos da UE", disse, à AFP o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Valero, lembrando que o mais importante é a Comissão Europeia "apoiar os programas de reintegração" dos ciganos nos seus países de origem. E sublinhou a existência de uma directiva que permite a um Estado da UE "restringir a livre circulação por razões de ordem pública, de segurança ou de saúde pública".
Na origem do desmantelamento dos acampamentos e das expulsões "quase imediatas" estão os tumultos provocados pelos ciganos em Julho no centro de França, depois de um polícia ter matado um jovem cigano de 22 anos que não parou numa operação stop. Armados de machados e barras de ferro, os ciganos derrubaram árvores, semáforos, incendiaram carros, atacaram uma padaria e uma esquadra de polícia. Habitantes de alguns dos acampamentos mais antigos, como o de Hanul, que já teria uma década, estão a ser auxiliados por autarquias de esquerda, que classificam de "racismo de Estado" o plano securitário do Governo de Nicolas Sarkozy. O Presidente sugeriu mesmo retirar a nacionalidade francesa a pessoas de origem estrangeira que atentem contra as forças de segurança.
A ONU criticou a perigosa relação que está a ser feita em França entre imigração e criminalidade. "Esta política de humilhação dá uma visão degradante da acção pública. A França não é um país racista", escreveu o Le Monde. "Exprimo a minha inquietação em relação aos riscos de derrapagem populista e de reacções xenófobas num contexto de crise económica", declarou à rádio RFI Roménia o ministro dos Negócios Estrangeiros romeno, Teodor Baconschi.
Mas a verdade é que 79% dos franceses apoiam o desmantelamento dos acampamentos. E isso é o que importa a Sarkozy, candidato à reeleição em 2012. O ministro da Imigração francês, Eric Besson, tentou ontem pôr água na fervura, dizendo que este voo é normal e que este ano já é o 25.º. A França paga 300 euros aos adultos e 100 às crianças, como incentivo ao regresso. Muitos aceitam, mas depois tornam a voltar a França.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A CRISE ECONÔMICA PIORA AS RELAÇÕES COM A CULTURA

Miguel Cadilhe diz que o autor procura responder a uma questão: “Como se sai disto”? Primeiro não se pode esquecer a cena internacional. E existem três cenários, em U, em V e em W. O cenário em V será uma recuperação rápida da economia mundial, o em U será lenta e o em W será uma dupla recessão. Chamando a atenção para os três cenários, acho que uma recuperação rápida da economia mundial está fora de causa. Portanto vamos ter uma recuperação lenta havendo alguma ameaça, que não está afastada, de haver uma nova recessão. E essa recuperação lenta será muito liderada pela China, pela Índia e pelo Brasil. Há algum receio de que a China esteja sobre aquecida e que haja alguma travagem chinesa nessa matéria. Nesse caso começa a ser um problema para a economia mundial, pois a China é que tem sido o motor da recuperação da economia mundial. E temos alguns sinais de recuperação nos EUA. E na Europa, será pior do que os EUA.
Esta opinião postada na midia internacional não condiz com a bolha econômica que persiste e que ameaça a econômia mundial. Não há vencedores, todos perderão drásticamente. Não há países imunes, persiste uma situação irreversível se não forem tomadas providências a longo prazo. Vive-se um falso cenário de esperança onde o consumismo é a arma mortífera que detrói. O pensamento filosófico e estético alcançou índices avassaladores de mediocridade. Todos os setores da arte agonizam diante da falta de conteúdo e são manipulados em função do lucro fácil. A televisão serve para imprimir a apatia, não condiz com o instrumento que poderia ser formativo e conscientizar nas relações sociais. As artes plásticas, o cinema, teatro a literatura, etc são meros componentes de vaidade e estão à mercê de banais gerenciadores, eles infiltram-se em instituições governamentais, são guetos e monopólios políticos perversos. A crise europeia é um exemplo da opção por sistemas mentirosos e a consequência é a total perda de identidade e referência construtivas.
COMECE VOCÊ A MUDANÇA ATUANDO NAS MÚLTIPLAS ÁREAS DO CONHECIMENTO. ACORDE. NÃO SEJA PASSIVO DIANTE DA DESIGUALDADE IMPOSTA.

domingo, 8 de agosto de 2010

FATO HISTÓRICO RELEMBRADO.INSTITUIÇÃO QUE IMPLANTOU A CULTURA EM FESTA

Julho de 1956 foram aprovados os Estatu-tos da Fundação Caloustre Gulbenkian, uma instituição que muito tem contribuído para o desenvolvimento cultural, artístico e científico do País. Foi criada por vontade do homem que lhe deu o nome, mas sobretudo a sua colecção de arte e os meios financeiros. O historiador José Miguel Sardica revela-nos quem era este homem que se apaixonou por Portugal. À partida, nada ligaria o milionário Calouste Sarkis Gulbenkian a Portugal. Mas foi a Portugal que Gulbenkian legou a sua vasta colecção de arte e os meios financeiros para aqui erguer a Fundação com o seu nome, com estatutos aprovados a 18 de Julho de 1956. Nascido na Arménia e diplomado em engenharia em Londres, Calouste Gulbenkian esteve desde cedo ligado ao mundo do petróleo e da alta finança do Médio Oriente. Era o “senhor 5%” por ser essa a sua habitual margem de lucro em todos os negócios em que se envolvia. Ao mesmo tempo, e desde o final da década de 20, dedicou-se à sua grande paixão de coleccionador de arte. Durante a 2.ª Guerra, na altura em que vivia na França de Vichy, o embaixador português convenceu-o a visitar Portugal. Veio, hospedou-se no luxuoso Hotel Aviz, e foi ficando, rendido ao clima, à paz nas ruas, à simpatia das pessoas, e à própria figura de Salazar, que ele admirava. Tornou-se especialmente amigo do médico Fernando Fonseca e do advogado José de Azeredo Perdigão, que encarregou de lhe resolver as questões burocráticas de residência e da colecção de arte. No fim da vida, Gulbenkian imaginou criar uma Fundação igual à da família Rockefeller e sediá-la nos Estados Unidos. Mas a morte da mulher, em 1953, e as desinteligências com o filho Nubar, levaram-no a uma alteração testamentária que abriu a porta à criação, em Portugal, da Fundação Calouste Gulbenkian, um ano após a sua morte, ocorrida em Julho de 1955. Com estatutos aprovados em 1956, e sob a presidência vitalícia de José de Azeredo Perdigão, a Fundação Gulbenkian inaugurou o seu actual edifício sede em 1969, e rapidamente se tornou, pelo seu mecenato artístico e científico, uma instituição de referência nacional e internacional.