quinta-feira, 22 de agosto de 2013

CONCEITOS PARA REVALIDAR A OBRA DE ARTE

   
Para muitos artistas, críticos e observadores da arte o momento atual está mais voltado para a descoberta de “talentos” do que para segmentos, conteúdos embasados e  renovadores que abordem a tarefa artística em toda sua complexidade. Atender ao mercado é a meta atual para se chegar ao “êxito” rápido para tal basta obedecer e seguir os seus requisitos e  satisfazer a demanda. Esse é o novo rumo para se atingir o sucesso. A natureza da arte é sempre colocada em questionamento, inclusive para legitimar o artista e consequentemente sua obra. Mediante essa situação nada mais coerente que cada um defenda o seu ponto de vista.
Vários artistas “contemporâneos” afirmam que a subjetividade na arte é  fácil de ser captada, como é o caso do artista conceitual americano Joseph Kosuth. Apesar de ele deixar claro que: “as questões da arte devem ser vistas com sutileza e complexidade” suas obras são herméticas. Joseph Kosuth   reconhece a  genialidade de Walt Disney, no entanto o classifica como um gênio comercial e não um artista conceituado. Quanto à arte popular ele acredita que esta não estabelece o fluxo necessário para novos conhecimentos e como tal não teria como permanecer viva. Kosuth  utiliza as palavras para complementação  e entendimento da sua obra, a emblemática obra: ”Uma e três cadeiras” 1965 é um exemplo disso.
                Joseph Kosuth critica o mercado de arte dos últimos 15 anos, classificando o, apenas, como batedor de recordes de vendas e preços altos sem se preocupar com a qualidade. Afirma que o glamour do mercado também aparece como um segmento que só traz malefícios . Sugere à atenção para a história afirmando, entre linhas, que ela fomentará a avaliação correta dessa vasta produção atual não a curto prazo. Apesar das suas opiniões, a sua trajetória está vinculada a sua presença constante na mídia e ser um artista bem sucedido nas vendas da sua produção.   Cultua suas aparições como um pop-star. Não o vejo distanciado de um corporativismo que ele diz ser contrário. “Arte não é beleza” é uma das afirmações suas para atrair ouvintes e futuros consumidoresChama de entretimento profissional e arte decorativa tarefas artísticas que não acrescentam em nada ao nosso tempo.
 O cenário cultural atual na produção artística é difícil de ser avaliado. Não basta frases de efeito para visualizar esse pseudo estranhamento e tentar sem discernimento aproximar o espectador para uma "nova" estética, ou ruptura desejada..O público para muitos estudiosos fica aprisionado  na arte conceitual e vê-se obrigado, na sua quase totalidade desse tipo de produção, a ler textos explicativos para entendê-la. Os defensores de uma arte de vanguarda de efeitos, entre eles Joseph Kosuth  afirma: O surgimento de obras sem qualidades e valorizadas, existem cada vez mais na nossa sociedade, uma distorção, porque as pessoas com poder apenas visam o lucro e não querem elucidar qual o verdadeiro papel do artista e da arte. Enfim, cada um conta a sua história.
Vicente de Percia
Art-critic

terça-feira, 6 de agosto de 2013

MUDANÇA

Jovem pensador político italiano sustenta: declínio da representação reflete mudanças sociológicas profundas. Estado e partidos perderão seu monopólio. Mas que virá depois?
Por Christophe Ventura,Traduzido por Cristiana Martin
Desde 2011, diversos choques contestatórios percorrem o mundo em diferentes regiões: sul da Europa, mundo árabe, América do Norte – Canadá e Estados Unidos – Turquia, América do Sul e Ásia.
Além das especificidades de cada um, todos esses movimentos partilham de pontos comuns: eles se ampliam, rejeitam as políticas de austeridade, a corrupção e criticam os sistemas políticos e as ações (e até a falta delas) dos Estados.
Nesse contexto, os partidos políticos, principalmente os do governo (tanto os de direita como os de esquerda), são interpelados e vilipendiados – para não dizer jogados ao descrédito público. Esta “crise da política tradicional” ja foi largamente comentada e analisada.
É provavel que tenha atingido seu paroxismo na Itália, onde engendrou uma nova situação: aumento generalizado (sociológico e territorial) da abstenção eleitoral; desaparecimento, nesse contexto, da esquerda proveniente do movimento operário abaixo do limiar de credibilidade; erosão dos partidos do sistema; enrijecimento ideológico das direitas; escorregão neoliberal das forças social-democratas; emergência do movimento social/eleitoral anti-partidos tradicionais Movimento Cinco Estrelas – (M5S); multiplicação de movimentos sociais locais (contra projetos inúteis, por uma redefinição da democracia local, etc). [1]
Em uma obra não traduzida – Finale di partito [2] (Fim de Partido [3]) – o intelectual e cientista político italiano Marco Revelli se interroga a respeito destes fenômenos contemporâneos. Ele analisa, em particular, essa crise de confiança dos cidadãos nos partidos políticos.
Para ele, a forma partidária herdada da segunda revolução industrial casa harmoniosamente com a organização dos grandes sistemas de produção – as fábricas – “centralizados e burocratizados, mecanizados e padronizados, rígidos e rigorosamente territorializados, pensados pela programação e planejamento de um longo período”. Tratava-se então de operar na conscientização e na integração políticas de novas massas de trabalhadores recentemente passados do estado de multidões camponesas, linguísticas e culturais ao estado de classe operária. Essa tarefa necessitava, no contexto de emergência do capitalismo industrial, de uma referência de organização vertical, adaptada às estruturas econômicas e sociais e baseada no princípio de delegação e de representação. Tratava-se de organizar a luta no seio das unidades de produção que engendravam as relações de produção territorializadas. Assim, “o partido de massa era (..) o microcosmo no qual se refletia o microcosmo social paralelo (…). Ele era destinado a refletir, no espaço parlamentar, o jogo conflituoso (e de negociação) entre os grupos sociais unidos” e a oligarquia. Neste contexto, o “representante” beneficiava da confiança do “representado”, com quem ele partilhava a proximidade territorial e, por vezes, o espaço de trabalho. Assim, a “máquina política” respondia à máquina capitalista.
O partido inspirava-se igualmente, por sua organização, no modelo de Estado e de administração que ele ambicionava conquistar.
O fim do modelo fordista de produção, a internacionalização e a segmentação de cadeias produtivas, o “livre” comércio, a financeirização da economia capitalista, a emergência da economia desmaterializada e de serviços foram, segundo o autor, o início de uma desestruturação progressiva e irreversível dos modos de organização do trabalho e de modelos de classes.
A erosão da homogeneidade sociológica e da classe de trabalhadores e o aumento do nível educacional tinham gerado a aparição da “política líquida” [4], espelho e produto da diversificação de fluxos econômicos e sociais na esfera política. Nós assistimos assim à uma “liquefação do corpo eleitoral” vindo da fragmentação de “pertencimentos sociais estáveis”. Para Marco Revelli, “o partido político ‘clássico’ (…) era a forma mais adaptada para responder à uma demanda social tipicamente “materializada” (…) de eleitores mecanicamente agregados em grupos relativamente homogêneos de populações largamente definidas por seus papéis produtivos respectivos e caracterizados por um nível médio ou baixo de escolaridade. Tratava-se da forma própria de representação na modernidade industrial”.
Agora, a família de trabalhadores é múltipla e as novas gerações vindas dos anos 1970, 1980 e 1990 têm características sociopolíticas diferentes. Não são mais os trabalhadores manuais orientados pelas grandes organizações sindicais e políticas que pesam na dinâmica das relações sociais, mas os estudantes, os técnicos, trabalhadores intelectuais mobilizados na economia dos serviços (setor terciário), o telemarketing, etc. Esses formam os novos batalhões de classes média-baixas urbanas e precárias que têm acesso aos ganhos públicos e ao emprego, mas de maneira intermitente.

GERAÇÃO 70 - POESIA/CRÍTICA

".......... Noutras poesias,  como em "Frêgues Constante", discurso dispares e próximos se entrecruzam. Perplexidades advém da fala de seivoso erotismo que brinca na "Torta magnificamente  coberta de fios de ovos", nos " anéis, brincos e gin, vinho, vodka/sucos, refrescos e refrigerantes". à mesa, na prazerosa ronda a mortífera ameaça que se desloca para cena do texto, que contracena com o Pax de deux" do segundo ato de Gisele com que o poema, vital e ameaçador, termina.
As criações de Vicente de Percia encaminham-se para mistérios que choram momentos tensionais em que Eros e Thanatos se dilaceram unidos.
Assim,o então poeta e crítico de arte Vicente de Percia vivencia o sabor da sua arte e fazendo, o travo crítico da críse que a estética presente visa superar. "
Dalma Bralne Portugal do Nascimento
Professora- Doutora titular de da UFRJ Literatura brasileira, portuguesa, Teoria literária, Evolução da literatura.