quinta-feira, 25 de novembro de 2010

DIOMIRA FARIA TECE RELEVANTES OBSERVAÇÕES SOBRE AS MANIFESTAÇÕES PÓS-MODERNAS E O TURISMO

As manifestações pós-modernas e o turismo

O que te motiva a fazer turismo: a experiência em si ou a busca de uma superação pessoal? Se você respondeu a primeira opção saiba que você é um turista pós-moderno.

Pois veja bem, se considerarmos todas as contribuições neste website sobre o pós-modernismo, iremos observar alguns aspectos deste movimento que tem influenciado as práticas sociais e entre elas, claro, o turismo. Por exemplo, aspectos como a ênfase no tempo presente (o que vale é viver o momento agora); a hiper-realidade se aproximando do simulacro (a disseminação dos parques temáticos); a eliminação das meta–narrativa (a valorização dos sentidos); a tolerância com o pluralismo; a valorização da tecnologia que obtém uma condição de status, onde o tecnologicamente novo é o próprio objeto de consumo; as imagens predominando sobre o conteúdo (o que nos anima mais que ver uma praia deserta e um coqueiro?).

Siqueira (2005) no livro Historia Social do Turismo, pondera que desde a década de 60 se busca um novo estilo de vida ou um novo paradigma para a vida. Para ela, a pós-modernidade teve no turismo sua expressão ou tradução formadora, pois o turismo é um eco da sociedade, nada mais faz que retornar para as massas a imagem que elas têm de si mesmas, nada mais que um espelho dos diferentes narcisismos coletivos existentes. Assim, os turistas, ao reconhecer sua própria imagem de forma globalizada, comunicam-se socialmente
[1].

A esta idéia se somam as observações de Urry (1996) e Estaban (2006) ao observar as relações entre as manifestações pós-modernas e as práticas turísticas contemporâneas, afirmando que “o turismo é pós-moderno, devido a sua particular combinação do visual, do estético e do popular”, além de que o turismo sempre usou e abusou do espetáculo.
[2]

Se fundamental para o modernismo é a concepção de público como massa homogênea, que possui um conjunto de valores que serve para unificar as pessoas, o que resultou no fenômeno do turismo de massa, no pós-modernismo se verifica a recusa das pessoas em fazer parte desta massa indiferenciada
[3], o desprestigio do turismo de massa e a oferta de viagens personalizadas (você define o roteiro, quantos dias quer ficar, enfim uma viagem “sob medida”).

De acordo a Esteban (2006), estamos na era do pós-turista, que apresenta as seguintes características: i) uma consciência da “mercantilização” e “folclorização” da experiência turística, que o pós-turista considera um jogo; ii) a atração pela experiência como fim, mais que a busca por uma superação pessoal através do turismo e iii) o reconhecimento de que o que representa a visão turística é tão importante como a visão em si.
Assim, se você se reconhece como um pós-turista, seja bem vindo ao clube!
Na próxima semana falaremos da pós-modernidade nos parques temáticos e nos museus! Até lá!

Diomira Faria
24/11/2010
[1] Esta idéia da comunicação social a partir do consumo, da identidade social construída a partir de formas de consumo se pode buscar em Canclini, N. (1995). Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ (Cidades em Globalização – o consumo serve para pensar, 75-94).
[2] URRY, John. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo: Studio Nobel, 1996. Pg 122 e 123. ESTEBAN, J.C. La demanda del turismo cultural y su vinculación con el medio ambiente urbano: los casos de Madrid y Valencia. Tesis doctoral. Universidad Complutense de Madrid. Faculdat de Ciencias Políticas y Sociología. Madrid, 2006. Pg 76.
[3] Urry (1996), Pg123.

Um comentário:

Christiano Guimarães disse...

Como profissional do Turismo a mais de 10 anos, estou em sintonia com a Dra. Diomira em suas ponderações. Parabéns!!!